sábado, 27 de novembro de 2010

Origens da desarmonia: tempo de tempestade (ou quando a causa não é a causa)

Tradução livre de:
KAPTCHUK, Ted. J. The web that has no weaver: understanding chinese medicine. McGraw-Hill: New York, 2000.
(Capítulo 5: Origins of Disharmony: stormy weather, or when a cause is not a cause).


As idéias chinesas representam uma diferente maneira de detectar e organizar informação sobre saúde e doença. A medicina e a filosofia chinesa não se preocupam muito com “causa e efeito”, ou com o fato de tentar descobrir uma causa que implica posteriormente num determinado efeito. Sua preocupação é com relacionamentos, com o padrão dos eventos, então a sua idéia sobre como se inicia uma doença é muito diferente da visão ocidental.
De fato, os chineses não têm uma teoria altamente desenvolvida sobre as origens das doenças. Eles levam em consideração certos fatores que afetam uma pessoa, fatores que poderiam ser descritos na visão ocidental como “causas”. No entanto para os chineses estas influências generativas não são exatamente “causas”.
Vamos tomar como exemplo a Umidade. Na China, assim como no ocidente, as pessoas poderiam dizer que alguém ficou doente porque saiu na chuva, ou porque mora numa casa em terreno úmido. No entanto, para os chineses a Umidade somente gera um padrão de Umidade, não há distinção entre a doença em si e o fator que a gerou. Desta forma, a palavra “causa” é quase sinônimo de “efeito”. No pensamento chinês baseado em padrões tanto a causa, o processo e o resultado se mesclam.
Porém, quando um terapeuta praticante de medicina chinesa é questionado sobre: “Por que existe desarmonia?”, menciona pelo menos três categorias de fatores precipitadores. Estes são: ambiente, resposta emocional e estilo de vida. Os mais inexperientes podem entender estes fatores como “causas”, entender que Umidade cause doenças nas pessoas e desta forma sugerir que usem um casaco, ou se mudem de residência. Mas, numa mais refinada e precisa maneira de fazer medicina chinesa, o terapeuta vai em princípio perceber que a casa úmida é um fato simples, uma peça de informação, um sinal a ser considerado juntamente com outros sinais. Ele até poderá aconselhar o paciente a se mudar, mas este conselho deverá ter validade dentro da configuração total de sintomas apresentados pelo paciente – incluindo cor da face, pulso, língua, situação emocional e assim por diante. O terapeuta irá olhar a Umidade como um elemento de um padrão, uma parte da pintura. Outras pessoas vivendo numa casa úmida poderiam não ficar doentes, portanto, algo está acontecendo para tornar especificamente este paciente sensível.
O olhar do terapeuta vai procurar o arranjo de todos os sintomas. Se o paciente não pode se mudar de casa, o terapeuta vai tentar reequilibrá-lo para eliminar a sensibilidade à Umidade. E mesmo que o paciente possa se mudar, ainda assim deverá lidar com o padrão interno de suscetibilidade à Umidade. A Medicina Chinesa se recusará, portanto, a ver a Umidade como uma entidade causadora isolada.
A quantidade de atenção dada a essas relações leva-nos a entender a maneira como os terapeutas chineses entendem a Umidade: como um padrão tanto individual como universal. Umidade, desta forma, é um padrão de qualidades e eventos que se transformam numa representação emblemática. A pessoa é um microcosmo no macrocosmo, manifestando a mesma configuração de sinais que apresenta o macrocosmo. No ambiente a Umidade é molhada, pesada, pegajosa. No corpo a Umidade torna a pessoa pesada, lenta, inchada. Se um paciente tem um padrão interno de Umidade, pode manifestar este sintoma sem nunca ter se exposto a nem uma gota de umidade ambiental externa.
A condição não é causada pela Umidade; a condição “é” Umidade. A causa é o efeito; a linha é um círculo. O terapeuta vê o corpo como uma forma em miniatura da imagem natural geral, e porque os padrões da natureza e do corpo são iguais eles compartilham uma identidade, uma ressonância equivalente.
Na resposta à pergunta: “Por que as pessoas ficam doentes?” o terapeuta chinês pode responder que os fatores precipitadores em uma das três categorias – ambiente, emoção e estilo de vida – geraram enfermidade. Mas embora um ou mais destes fatores possam estar presentes, este fator nunca é visto como separado da doença, ele se torna uma parte integrante da complexa rede de sinais e sintomas que o terapeuta em medicina chinesa combina dentro do diagnóstico.
Quando um paciente apresenta uma Influência Interna Perniciosa que tem o nome de uma condição atmosférica que está fora de controle, isso é uma representação metafórica de “mau tempo” que persiste dentro do microcosmo humano. O clima desarmônico implica que o equilíbrio Yin-Yang foi rompido ou distorcido. Este rótulo quer dizer que a vida cotidiana de um ser humano e um particular tipo de clima manifestam semelhantes qualidades, ou seja, compartilham de uma ressonância de Qi.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Arte do Coração


“Não há sentimentos sem movimentos orgânicos correspondentes. As paixões alteram e degradam o chão por onde flui a vida”. (Vallée & Larre)


A energia é una, mas suas manifestações são múltiplas. Corpo e mente são, no pensamento oriental, manifestações da mesma energia e, portanto, intimamente ligados. Assim, é grande a importância atribuída à sabedoria, a capacidade de manter a mente serena juntamente com o corpo harmonizado, buscando-se isso através de técnicas como acupuntura, meditação, chi kung, tai chi chuan, entre outras.
Para o pensamento oriental, o sábio é aquele que não se deixa tocar pelas seduções exteriores pois sua alegria de viver está ancorada na posse de si mesmo, única e verdadeira posse no mundo. Ao falar de posse de si mesmo, falamos de preservação da integridade, e pela preservação da integridade somos um com o Tao (o caminho). Do contrário perdemo-nos, e em todos os níveis da vitalidade instala-se a desordem. É necessário um perpétuo restabelecimento deste equilíbrio delicado feito de sopros e sangue, carne e osso, sentimentos e pensamento.

Pacificando a mente
Para manter-se em harmonia com o Tao o homem deve aprender a pacificar as 5 emoções (alegria, tristeza, raiva, preocupação e medo) e os diversos sentimentos.
Antes de serem nocivos, os sentimentos são a expressão da tensão inerente aos Zang (órgãos internos encarregados de fabricar energias fundamentais e regular a atividade mental). Mas quando há energia em plenitude, vazio ou mesmo estagnada estes sentimentos podem se tornar prejudiciais.
Segundo o Liji (Livro dos Ritos), “na presença dos objetos exteriores, o homem tem a faculdade (ou o desejo) de conhecê-los, ele experimenta sentimentos de atração por uns e sentimento de repulsão por outros. Se ele não dominar esses sentimentos, deixa-se levar pelas coisas exteriores e torna-se incapaz de voltar para dentro de si (e de regular os movimentos do seu coração)”.
Quando em equilíbrio, no entanto, nada predomina por muito tempo e todos os sentimentos são harmonizados pelo Coração (que em Medicina Chinesa é a residência da consciência e da palavra, atributos supremos do ser humano).

Calma e quietude
Num coração calmo e sereno nada se fixa, nada ocupa lugar indevidamente, bloqueando-o, abarrotando-o, mas tudo que se apresenta é recebido para ser pesado e apreciado. Quem se dedica à arte do coração rejeita cobiças e desejos, atrações e aversões, euforia e cólera, reprovação ou aprovação.
Através de técnicas diversas, o sábio procura esvaziar o coração para alcançar a posse de si mesmo no universo, ou seja, ser fiel à sua natureza. Praticar a arte do coração não consiste, portanto, na negação dos movimentos e reações que fazem parte da vida, mas antes de tudo de sua justa análise e temperança que afastam os arrebatamentos e transbordamentos.
A busca sempre é pela virtude, ou seja, pela conduta orientada por um coração capaz de remeter-se em profundidade àquilo que constitui seu ser mais autêntico. É a virtude, a retidão e a autenticidade do coração ao longo do percurso da vida, o que possibilita a posse de nós mesmos e o encontro conosco.

Para saber mais, leia: “Os Movimentos do Coração”, de Elisabeth Rochat de La Valée e Claude Larre. Editora Cultrix.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Acupuntura: filosofia da energia


“É melhor atuar no ainda não manifesto e controlar o ainda não bagunçado,

porque árvore de tronco grosso nasce de uma raiz capilar,
torre de nove andares se levanta com terra acumulada
e jornada de dez mil léguas começa embaixo dos pés.”
(Tao Te King)

A acupuntura, técnica integrante da Medicina Chinesa, é um procedimento terapêutico aparentemente muito simples, mas atrás dele se oculta uma formidável estrutura lógica e filosófica. É uma ciência médica, e como tal, tem a sua própria fisiologia, anatomia, etiopatogenia, diagnóstico e tratamento.
Logo no início dos estudos já nos damos conta que estamos frente a uma estrutura racional e metodológica completa, e entendemos de maneira imediata que o ser humano é regido por leis universais, formando um todo indissolúvel e inter-relacionado.
A acupuntura é um método terapêutico baseado em um enfoque biológico distinto do ocidental, pois parte do princípio de que existe uma substância imaterial, invisível para nós, que se chama energia (T’Chi ou Qi) e que é a responsável em primeira instância de toda e qualquer mudança biológica. Este conceito não é exclusivo da Medicina Chinesa, pois existem outras medicinas que também seguem esta linha de pensamento.

Mecanicismo
De maneira geral existem duas diferentes correntes de pensamento em medicina. A corrente Mecanicista e a corrente Vitalista.
A corrente Mecanicista contempla ao ser humano como uma espécie de máquina, formada pela soma de várias engrenagens (sistemas). Essa medicina tem duas bases claras de atuação:
A necessidade de estudar a causa da enfermidade como sendo um agente externo, ou seja, que vem de fora do indivíduo.
A implantação de um método indutivo de pesquisa e conhecimento, mediante o qual se recolhem casos de diferentes tipos e a partir daí se procuram fazer generalizações globais.
Estes princípios levaram à Medicina Analítica (Ocidental) atual, que se aprofundou no estudo das causas externas, e que possibilitou uma especialização cada vez mais diversificada, já que o conhecimento das partes se pode estender até o infinito.

Vitalismo
A corrente Vitalista, onde se enquadra a acupuntura, tem as seguintes bases de atuação:
Considera as doenças como tendo origem principalmente interna, e entende que as causas externas em sua maioria não podem agir sem que existam certas predisposições no indivíduo.
Trabalha sob o método dedutivo, partindo do princípio de que existe uma energia e que isto é uma verdade inquestionável e ponto de partida fundamental, e a partir daí se efetuam deduções.
Estes princípios dão origem à chamada Medicina Sintética (por exemplo: a Medicina Ayurvédica e a Medicina Chinesa), em oposição à Analítica que vimos antes.
Na medicina Sintética se negam os parcelamentos, considerando o ser como um todo integrado e não uma máquina feita de diferentes peças. E é a partir desse entendimento que ela permite estabelecer relações entre causas e sintomas aparentemente sem nenhuma conexão.

Filosofia da energia
Assim, para efetuar uma acupuntura racional, o diagnóstico e o tratamento são baseados numa análise global de sinais e sintomas. Estes são obtidos através de: observação, ausculta, olfação, interrogatório, tomada de pulso e palpação.
Estes múltiplos dados são analisados à luz das teorias da Medicina Tradicional Chinesa, procurando-se ter uma boa idéia de causa, natureza, localização de uma doença, relação entre os fatores patogênicos e a energia vital; sumariando-as em uma síndrome (conjunto de sintomas) de determinada natureza. A partir desta informação podemos determinar o método terapêutico correspondente.
Em todo este processo estaremos focados menos na DOENÇA e mais no DOENTE, ou seja, mais na pessoa do que nos sintomas, sendo estes apenas pistas para desvendarmos o desequilíbrio energético global. O tratamento sempre levará em conta a necessidade de regularizar, potencializar e fazer circular a energia vital, responsável em primeira instância por todo e qualquer processo de saúde ou doença.

domingo, 5 de setembro de 2010

Em defesa da Medicina Chinesa

Face às absurdas tentativas de desmerecer as terapias alternativas, fitoterapia e terapias naturais em rede nacional que vem acontecendo recentemente sugiro a leitura do excelente texto "Em defesa da Medicina Chinesa", de Gilberto Antônio Silva em seu blog "Vida Oriental". É só clicar.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Qi: influências

Uma das noções que parecem mais místicas e de difícil entendimento, dentro da medicina chinesa, é a noção de Qi (ou T'Chi). Frequentemente traduzido como "Energia", essa palavra causa estranhamento à mente ocidental, remetendo a conceitos que em nada tem a ver com o verdadeiro sentido da palavra.

Ao pensarmos em Energia com nossas mentes ocidentais logo lembramos das aulas de física, e nossos cérebros acostumados às noções mecanicistas já pensam em elétrons correndo, em energia potencial e cinética, e inúmeras outras conceituações que nos possibilitem apreender o conceito. Tudo em vão. Eu tenho me deparado com inúmeras turmas de alunos de especialização em acupuntura, e a idéia de Qi, ou energia, sempre parece à primeira vista, e às vezes durante muito tempo, impenetrável.

Partindo do fato de que os ideogramas chineses são imagens, e que "uma imagem fala mais que mil palavras", os tradutores do chinês para as línguas ocidentais geralmente perdem boa parte de sua significação e das múltiplas relações entre os conjuntos de sentidos contidos em um termo. Pois no caso dos ideogramas o todo sempre é maior que a soma das partes. No entanto, em leituras recentes, percebo que os sinólogos encarregados de traduzir a língua chinesa para o ocidente finalmente tem chegado a um consenso sobre a melhor palavra para se traduzir a noção de Qi: Influências.

Quando pensamos em Qi como Influência, e não como Energia, um diferente horizonte se abre para nós. Imagine uma pessoa num local bonito, um parque com lagos e salgueiros chorões... ela chega com uma determinada influência, ela talvez esteja abatida, triste.. uma outra pessoa que esteja em sua companhia sente essa influência, a emanação do seu Qi. Após um tempo no parque, as influências do ambiente mudam o estado dessa pessoa... a cor verde, os odores, os sons, toda a influência (Qi) do ambiente faz com que essa pessoa saia do lugar com uma sensação melhor.

Estão nessas influências do parque todas as frequências que constumamos enquadrar dentro dos 5 Movimentos... a cores, os odores, as notas musicais, o clima, etc... Porque tudo serve como uma medida de transformação (ou seja, influencia): tudo é Qi. Essa pessoa que entrou no parque de uma determinada forma imediatamente sofre a influência desses local, e sai do parque transmitindo por sua vez outra influência para a pessoa que está em sua companhia e para todas as outras que encontrar: "Nossa, parece que você está se sentindo muito melhor agora, você emana uma energia diferente...", ou seja, a pessoa agora transmite uma influência diferente. E neste caso nem foram usadas agulhas para mobilizar o Qi.

Quando falamos especificamente em medicina chinesa, por exemplo em suas síndromes, podemos pensar também no Qi como Influência. Imagine uma Síndrome de Estancamento de Qi do Fígado (Gan Qi Yü), poderíamos tranquilamente traduzí-la como uma síndrome de "Estancamento da Influência do Fígado". Significa que a Influência do Fígado sobre todo o sistema humano está prejudicada, ou seja, ele não influencia como deveria na drenagem, no livre fluir das emoções, no equilíbrio dos Cinco Movimentos. É preciso reabilitar essa influência para que todos os sistemas recuperem a harmonia.

Quando se coloca uma agulha em um paciente, dizemos que iremos mobilizar o Qi, ou seja, iremos influenciar de alguma forma para que este sistema se harmonize. E aí é importante destacar que não é a técnica, mas todo o contexto da técnica que faz a influência, e também a pessoa do terapeuta.

Se você faz acupuntura em uma sala branca, sem adornos nas paredes, isso tem uma determinada influência, isso mobiliza certos aspectos da pessoa atendida. Coloque uma vela em um canto... ou um aromatizador cheirando a lavanda, ou uma luz vermelha no teto... você já mudou totalmente a influência deste mesmo local. Mas não é tão fácil pensar que a energia da cor vermelha, e do odor, caminhou (como elétrons) até a pessoa... no entanto parece mais fácil entender o sentido de que essa conjunção de fatores gerou uma determinada influência diferente da anterior, e causou algum efeito. Nós conseguimos intuitivamente compreender isso.

A pessoa do terapeuta, neste caso, tem que ser levada muito em consideração. O terapeuta acupunturista é aquele que, de posse do conhecimento das influências, é capaz de combiná-las da forma correta para beneficiar o paciente. E neste sentido ele mesmo deve ter consciência que sua própria presença é uma influência, seu estado de espírito, sua qualidade. Então, não basta ter uma boa técnica, não basta ler os livros... é preciso trabalho interior e é necessário se ter consciência plena disso. Que influência você está transmitindo?

Assim, a experiência nunca pode ser substituída pelos livros. O que você é como pessoa causa uma influência única e particular. Por isso, na minha opinião, um bom acupunturista deve ser mestre não apenas no domínio de canais e pontos e agulhas, mas no domínio do seu interior. É preciso começar a curar pelo espírito, diziam os clássicos. Então todo trabalho que o acupunturista faça para ter mais consciência e domínio das suas próprias influências, pode ser usado na modificação do paciente. Você muda, sua influência muda... você muda o ambiente, mudam as influências, muda o Qi. Por isso os verdadeiros mestres agem sem agir, transmitem conhecimento sem ensinar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Acupuntura Estética

A Acupuntura é um dos ramos da Medicina Tradicional Chinesa, que já se praticava em épocas remotas, e busca a regulação da energia (T'Chi) que circula no corpo tendo em vista a manutenção da saúde. A Medicina Tradicional Chinesa entende que nosso corpo é formado de energia em várias formas, energia livre e energia condensada (matéria). Tudo o que nele existe é uma função da regulação, da falta ou do excesso da energia.
A saúde, segundo a visão chinesa, consiste no equilíbrio energético e a enfermidade no desequilíbrio. O equilíbrio vai se manifestar através da forma, da funcionalidade perfeita, do brilho e da harmonia do corpo, ou seja, através da beleza.

Beleza através das agulhas
A Acupuntura Estética é uma modalidade de tratamento que procura utilizar os conhecimentos da Acupuntura Tradicional Chinesa e da Eletroterapia (recurso amplamente utilizado dentro da Acupuntura geral) com o objetivo de regularizar o fluxo energético e minimizar fatores que provocam ou aceleram o processo de envelhecimento (desidratação e formação de rugas, manchas na pele, depósitos de gordura, celulite, flacidez, perda do brilho e do tônus muscular, etc.).
A utilização da eletricidade, por sua vez, proporciona o transporte de líquidos subcutâneos (contendo colágeno, elastina, etc.) para regiões carentes, o bombardeamento e a dissolução de moléculas de gordura localizada, facilitando sua eliminação pelas vias excretoras, entre outros efeitos, proporcionando com isso resultados estéticos.

Tratamento holístico
A Estética, fazendo parte da Acupuntura, deve ser considerada como parte da Medicina Oriental, por isso, não é apenas um tratamento local sintomático, e sim holístico, visando um aumento da auto-estima pessoal e consequentemente um incremento na qualidade de vida (balanceamento do organismo em vários níveis).
O terapeuta procurará ter uma visão integral do paciente, e algumas vezes será preciso interferir não somente através do uso da técnica, mas do aconselhamento para a adoção de rotinas mais saudáveis, de modo que sejam eliminados fatores de adoecimento que estejam se refletindo no exterior.

Vantagens do tratamento
A Acupuntura Estética apresenta uma série de vantagens com relação a outros métodos: proporciona bem-estar físico e mental, melhora a circulação da pele, proporciona um lifting natural, não altera a expressão facial, não é agressivo para os tecidos, promove a homeostase (equilíbrio) orgânico e tem resultados duradouros.
Os resultados específicos da Acupuntura na estética facial incluem a suavização da expressão e das rugas, a prevenção para a formação de novas rugas, a tonificação dos músculos e da pele do rosto e a hidratação dos tecidos com a conseqüente melhora da tez e do brilho facial.
Os resultados específicos da acupuntura na estética corporal são a redução de medidas e de gorduras localizadas, a redução da celulite (quando em graus leves) e o enrijecimento muscular.

Duração do tratamento
O tratamento em acupuntura estética não possui uma duração definida. Os resultados são sentidos geralmente entre 4 ou 10 sessões, mas isso pode variar de organismo para organismo. As sessões são realizadas sempre em dias intercalados (permitindo no mínimo um descanso de 48 horas entre uma e outra aplicação).
No início do tratamento é selecionado um foco a ser trabalhado e na medida em que os resultados forem próximos ao esperado as sessões são reduzidas até a manutenção semestral; ou serão selecionados novos focos de trabalho de acordo com o interesse do cliente e o tratamento será continuado até que seja atingido um resultado satisfatório. Os resultados são individuais, sujeitos a variação de um organismo para outro, de acordo com seu padrão energético, idade, nível de comprometimento dos tecidos e possibilidade de recuperação.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Um grande guerreiro


Certa vez existiu um grande guerreiro. Mesmo muito velho, ele ainda era capaz de derrotar qualquer desafiante. Sua reputação estendeu-se por toda a China, e muitos estudantes reuniam-se para aprender artes marciais sob sua orientação.

Um dia, um jovem guerreiro foi procurá-lo determinado a ser o primeiro homem a derrotar o grande mestre. Além de muita força física, ele possuía uma habilidade fantástica com a espada. Sua tática era ofender o oponente até que ele perdesse a concentração. Ele esperaria o primeiro movimento e, então, atacaria com a velocidade de um raio. Ninguém jamais havia resistido.

Contra todas as advertências de seus estudantes, o velho mestre aceitou o desafio do jovem guerreiro. Os dois se posicionaram para a luta e o jovem guerreiro começou a lançar insultos ao velho mestre. Jogava terra e cuspia em sua face. Por horas ele ofendeu o velho com todos os tipos de insultos e maldições. Mas o velho mestre, simplesmente, ficou parado. Esperando. E o jovem guerreiro finalmente ficou exausto. Percebendo que tinha sido derrotado, fugiu vergonhosamente.

Os estudantes do velho mestre ficaram um pouco desapontados por não terem visto ele lutar contra o jovem, mas também ficaram impressionados com a disciplina do mestre.

“Como o senhor conseguiu suportar tantos insultos? Como conseguiu derrota-lo sem ao menos se mover?”, perguntaram.

“Se alguém lhe dá um presente e você não o aceita, para quem retorna este presente?”, perguntou o mestre.


Em: Bruno Pacheco - Pocket Zen: 100 histórias budistas para meditar. Editora Nova Era.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O espírito na MTC

Antes da formação do Céu e da Terra, quando todas as coisas se encontravam ainda numa confusão, existia somente a matéria primordial do universo em estado de vapor. A isso se chamava Tai (o que é muito grande) ou I (o que não é dividido). Essa matéria primordial ocupava tudo e por isso é chamada de A Grande Unidade.
Porém essa Grande Unidade se dividiu, em sua parte mais leve e pura formou o Céu que ficou na região superior, e em sua parte mais pesada e espessa formou a Terra que ficou embaixo. As emanações e forças a girarem no Céu formaram o princípio Yang (princípio da luz, da vida, do crescimento), e os vapores e emanações da Terra formaram o princípio Yin (princípio das trevas, da morte, do decrescimento).

O homem
Com a formação das polaridades, o princípio Yang originou a Primavera e o Verão, e o princípio Yin produziu o Outono e o Inverno. As quatro estações transformam, fazem nascer e crescer a todos os seres. E assim, através de uma espécie de metamorfose, cada um dos seres ganha existência no instante de sua concepção, saindo do caos primordial.
O homem, como todos os seres, sai deste plano dos seres indiferenciados, dos germes e das sementes invisíveis que é precedente e subjacente a toda manifestação. Ele se manifesta no domínio do que “tomou forma”, que é constituído pelo diálogo Céu-Terra. Daí o princípio clássico que diz: “O homem responde ao Céu e à Terra”.

Shen
Shen é o princípio de organização dinâmica que torna tangível toda nossa manifestação na Terra. É um princípio metafísico insondável, uma potência criadora atribuída a um indivíduo determinado e por ele centralizado. Pertence ao domínio das forças criadoras invisíveis, não materializáveis, e tem sido com freqüência, na falta de melhor termo, traduzido como Espírito Individual.
Ele surge por ocasião da passagem deste reservatório inesgotável dos princípios criadores ainda não atribuídos para a manifestação efetiva do ser. É inaugurado na concepção e continua a ser uma criação permanente ao longo da vida. Influencia a personalidade, o psiquismo, o equilíbrio energético, a forma corporal, a relação com o mundo e o poder de metamorfose manifestados em cada ser humano.
De Shen resulta para cada ser uma imagem e uma sensação de si mesmo e do Universo por ele vivenciado e identificado. Representa um “estar-no-mundo” específico para cada indivíduo. Para cada um Shen tem uma “lógica”. É, portanto, um “mecanismo secreto” cuja qualidade de expressão deve ser respeitada: cada um de nós deve se manter fiel à sua natureza.

Shen e cura
Num plano terapêutico, Shen é a força criadora do paciente, que ele precisa tentar mobilizar para a recuperação de desequilíbrios. Qualquer tratamento é inútil sem a conivência do Shen no paciente.
Segundo Eyssalet: “A técnica, as agulhas, massagens, movimentos reguladores, dietética, é totalmente dependente do Espírito, do estado de ser daquele que a prática e do poder de Metamorfose da relação terapêutica”.
Por isso, ele diz que “é preciso que as práticas tenham ‘Coração’, que não se tornem, portanto, comportamentos repetitivos, nem fixações mentais ou condutas angustiadas, mas que tenham um senso de alcance global, ajudem a pessoa a se sentir a si mesma, a centrar-se, a buscar imaginação criativa em relação aos seus próprios problemas”.

Para saber mais, leia: Shen ou o Instante Criador de Jean-Marc Eyssalet. Editora Gryphus.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A arte das agulhas e das moxas

A acupuntura é parte integrante da Medicina Tradicional Chinesa, sendo uma das técnicas principais para reequilíbrio da energia e prevenção de doenças. No entanto, a acupuntura não é usada isoladamente, uma outra técnica conjunta é a Moxabustão.
“Moxa” é uma planta conhecida como artemísia vulgaris, e “bustão” significa queima. A moxabustão é uma técnica milenar de resultados comprovados na prática, barata e de fácil execução.

Indicações
A queima da artemísia vulgaris produz principalmente calor, este calor vai atuar como terapêutica para casos onde os sintomas apresentados tenham uma etiologia do tipo frio, já que a energia do frio é combatida pelo calor.
O frio no organismo tem a propriedade de retardar os movimentos, de bloquear a circulação e por isso produzir dores e acúmulos de substâncias, o frio também faz com que as reações fiquem mais lentas e o indivíduo se sinta cansado, desanimado e desvitalizado. Por isso a moxa é muito indicada em casos de deficiência de energia, em idosos e na maioria das dores articulares e musculares, entre outros casos.

Expulsando fantasmas
Além da propriedade de aquecimento, diz-se também que a moxa possui propriedades anti-sépticas e antifúngicas. Sua fumaça abundante e de odor forte seria, portanto, medicinal. Existem técnicas específicas que procuram utilizar além do calor a fumaça, direcionando-a para locais específicos com o objetivo de controlar infestações.
E os antigos mestres chineses também ensinaram que a fumaça da moxa removeria as energias estagnadas, então ela pode ser usada para a defumação de ambientes “carregados”. No indivíduo doente ela também teria a propriedade de remover energias densas que estivessem ali instaladas. Essas energias densas, ou “fantasmas” seriam as responsáveis pela desvitalização do indivíduo e deveriam ser eliminadas.

Tradição x modernidade
O calor produzido pela queima da moxa pode ser aplicado em meridianos de acupuntura, em alguns pontos específicos, em áreas do corpo, e pode ser feita conjuntamente com as agulhas ou sozinho como terapêutica única. A sensação de bem estar geralmente é imediata, e por ser de fácil execução o paciente pode ser ensinado a fazer sozinho em casa.
A única questão incômoda da moxabustão é sua forte fumaça, que impregna o paciente, o terapeuta e o ambiente. Por isso muitos acupunturistas substituem a moxa tradicional à base de ervas por moxas feitas à base de carvão, que não produzem fumaça. No entanto os mais experientes acreditam que os efeitos não são os mesmos, já que o calor da moxa à base de planta é mais intenso e a fumaça traria propriedades medicinais ausentes na moxa de carvão.

Acupunturista doidão
Se você é vizinho, ou trabalha ao lado da sala de algum acupunturista, e há tempo vem estranhando aquele cheiro de ‘mato queimado” proveniente do ambiente ao lado, não se preocupe! Seu vizinho acupunturista não é um “maluco beleza”! Provavelmente ele é apenas um acupunturista tradicional.
Recentemente em um evento com um mestre conhecido mundialmente na área, ele falou: “desconfie de acupunturistas cujos consultórios não fedem a moxa”. Ela é um importante aliado e item indispensável na prática de uma acupuntura tradicional.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Os quatro demônios

Na Medicina Tradicional Chinesa o homem é considerado um núcleo de energia, focado e organizado. Um microcosmo, inserido no macrocosmo. Assim sendo, ele está sujeito a todas as variações do meio ambiente, e diversos tipos de influências podem retirá-lo da sua situação de equilíbrio e homeostase. Os médicos antigos denominavam essas influências de “Os Quatro Demônios”. São eles: os fatores dietético, emocional, climático e ancestral.

Gu Xie
O fator dietético é considerado de fundamental importância no surgimento de desequilíbrios já que é dos alimentos que retiramos combustível para as atividades cotidianas, e também é dele que depende em grande parte a nossa imunidade. Uma alimentação deficiente nos obriga a gastar energias ancestrais que não serão renovadas, comprometendo a longevidade e a qualidade de vida como um todo.
Se alimentar bem significa comer adequadamente. Incluir alimentos de cores e sabores variados, e principalmente, alimentos que contenham energia viva. Produtos naturais, sem modificações químicas ou genéticas, sem aditivos, sem processamento ou refino industrial, e o mais próximo possível da colheita, nos garantem que a aura de energia viva do alimento esteja intacta para ser absorvida. Assim prevenimos que o alimento se transforme em um demônio (xie), que seja tóxico, produzindo acúmulos e bloqueios, e contribuindo para o desequilíbrio energético do corpo.

Shen Xie
Emoções geram doenças a partir da alteração no funcionamento de órgãos e vísceras, deprimindo o sistema defensivo e ocupando energia em demasia. Manter a mente serena é manter o corpo saudável. Não é possível separar corpo e alma, já que tudo é reflexo da mesma energia.
Não podemos ver a energia, mas podemos ver os efeitos de seu equilíbrio ou desequilíbrio. Assim como numa lâmpada não vemos os elétrons, mas temos a luz. Assim devemos sempre procurar saídas para nossos conflitos internos. Emoções abruptas, intensas ou prolongadas são perigosas. A luminosidade da pessoa que está de bem consigo mesma emana em todas as direções.

Liu Xie
Por ser um microcosmo inserido no macrocosmo, o homem se comunica e responde ao meio ambiente de diversas maneiras. Se lembrarmos que temos que manter uma temperatura corporal constante em meio à variação climática provocada pelas estações, já temos uma idéia de que gastamos muita energia somente para nos manter estáveis.
Vento, frio, umidade, calor e secura estão sempre nos rodeando de uma maneira quase invisível. Se não estivermos atentos as portas estarão frágeis e o vento poderá entrar, se comportando como um agente estranho e trazendo uma variedade de sintomas de doença. É necessário saber se adaptar às mudanças, seguir os ritmos e observar os fluxos. Nunca estamos separados do todo.

Zhong Xie
Cada ser humano é um estranho ímpar. Chegamos ao mundo com uma carga ancestral, heranças da linhagem da nossa família, do tempo anterior, da gestação, da infância... e há quem acredite ainda nas noções relacionadas ao carma. A ciência nos fala da herança genética, dos cromossomos. Os chineses falavam muito mais, contavam dessa energia que nos é transmitida pelas outras gerações como um tesouro, e que não é renovável.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Conhecer a nós mesmo, respeitar nossas possibilidades e limites, nos torna sábios. Em vez de adoecer, podemos prevenir. Conhecendo os pontos fracos, adotamos condutas diárias preventivas. Não nos expomos ao que não suportamos, ou se for inevitável nos armamos melhor para o combate.
Conhece teus amigos, mas ainda mais teus inimigos. Os Quatro Demônios são influências que devemos conhecer, deste modo usamos seu poder sempre a nosso favor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Quando a cabeça dói

A dor de cabeça é um sintoma muito comum, talvez por isso não seja dada a ela a devida atenção e seu tratamento se resume muitas vezes aos analgésicos. Na Medicina Tradicional Chinesa, porém, as dores de cabeça são sintomas de grande utilidade diagnóstica. Elas são um sinal de alarme de alterações eminentemente bioenergéticas.
O tratamento das dores de cabeça tem muito êxito com acupuntura. E com a vantagem de que o acupunturista muitas vezes não só produz uma ação analgésica como também atua na base do problema, evitando que evolucione para transtornos mais profundos.
Veja a seguir as explicações que a Medicina Tradicional Chinesa fornece para o problema. Tenha em mente que os termos utilizados aqui, como sangue, energia, órgãos e vísceras, se referem a conceitos orientais que não são exatamente idênticos aos conceitos da medicina ocidental.

O problema está fora
Existem basicamente duas classificações para as dores de cabeça: as exógenas e as endógenas. Cefaléias exógenas são provocadas por energias externas de tipo climático (um vento frio, por exemplo) que penetram nos meridianos bloqueando a circulação de energia e de sangue e impedindo a nutrição dos tecidos. Na medicina chinesa os fatores climáticos e ambientais são considerados um dos causadores de desequilíbrios no sistema humano, já que estamos o tempo todo agindo para nos adaptarmos ao meio externo que está em constante transformação (temperatura, umidade, incidência de luz, etc.).
Estes fatores climáticos, uma vez que tenham penetrado nossa “aura defensiva” superficial, são compreendidos como agentes estranhos e o corpo reage a eles, produzindo uma luta e um incremento na manifestação. Como a energia que é muito leve e volátil (ela é “Yang”) tende a subir, provocará acúmulo na cabeça, com produção de dor. E dependendo do fator patogênico, além da dor de cabeça existirão outros sintomas associados.
Um exemplo fácil dessa situação são os resfriados que começam com dor de cabeça, e depois vão evoluindo com outros sintomas como obstrução nasal, febre, etc. Resfriados, na Medicina Chinesa, são geralmente entendidos como ataques de vento-frio.

O problema está dentro
Nas cefaléias endógenas o que acontece, ao contrário, são alterações dos órgãos internos. Nossas usinas produtoras de energia, órgãos e vísceras, podem não estar funcionando muito bem, e mandam sinais de alerta através das dores de cabeça.
Neste caso as dores ocorrem por alteração no equilíbrio entre a energia e o sangue, considerados Yin e Yang, polaridades opostas que devem sempre estar em harmonia. A diminuição de sangue implica aumento da energia livre que tende a se acumular na parte superior. Ou a diminuição de energia faz com que o sangue não alcance a cabeça, ocasionando uma falta de nutrição. Esta diferença nas proporções de sangue e energia pode se originar por várias causas que é preciso investigar através de sintomas associados às dores de cabeça.
Outra base para as dores de cabeça é o hiperfuncionamento de alguns órgãos internos específicos que irrigam a cabeça através de meridianos e canais de energia. Imagine que há uma maré muito forte de energia inundando tudo e causando uma pressão. Implica em dores bem fortes, geralmente mais fortes do que no caso anterior. Neste caso também é preciso associar outros sinais para fazer um diagnóstico diferencial.

Tratar é preciso
Em acupuntura se considera mau sinal a remissão espontânea de uma cefaléia crônica, já que muitas vezes isso indica que o desequilíbrio está se aprofundando e vai com o tempo implicando mais sistemas. Como as dores de cabeça são sinais de alarme é preciso ouvi-las atentamente e entender sua dinâmica. Agir somente com analgésicos muitas vezes pode encobrir sua verdadeira função e impedir que se trate a base do problema.
Só através do entendimento do conjunto de sinais e sintomas que vêm associados às dores é possível fazer um diagnóstico diferencial e entender como está o todo. Buscar o reequilíbrio energético é mais importante, e é sempre o objetivo último da acupuntura. Isso impedirá que a dor retorne, impedirá a progressão do desequilíbrio e o agravamento da situação, e devolverá intacta a capacidade de resistência do organismo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Regreso a la salud

"La enfermedad es el esfuerzo que la naturaleza hace para curar el hombre. Por lo tanto, podemos aprender mucho de la enfermedad para encontrar el camino de regreso a la salud, y lo que al enfermo le parece indispensable rechazar contiene el verdadero oro que no ha sabido encontrar en ninguna otra parte".
(C.G. Jung)

Curiosidades sobre o Horóscopo Chinês

A astrologia chinesa inspira e organiza, há vários séculos, as decisões e o comportamento de centenas de milhões de indivíduos na China, no Japão, na Coréia e no Vietnã, com uma intensidade tal que nos é difícil medir e até mesmo admitir.
O signo lunar chinês é regido pelo ano e não pelo dia e mês em que a pessoa nasceu. Cada ano é simbolizado por um animal e esse animal influenciará sobre o destino e o caráter dos seres humanos nascidos durante o ano correspondente. A origem desse ciclo de animais é atribuída a várias lendas, uma das interessantes é uma doce lenda chinesa que irei lhes contar.

A festa das fadas
Sidarta Gautama, o Buda, em suas andanças pelo mundo, um dia saiu da Índia – sua terra natal – e foi visitar a China.. Lá chegando, Buda foi meditar aos pés da Montanha do Poente cujos picos nevados lhe lembravam seus queridos montes Himalaia. O Buda não sabia que naquela montanha mágica morava a formosa fada Si Wang Mu, guardiã da Árvore da Imortalidade. Essa árvore encantada era de cristal e jade e media cem metros de altura. Frutificava somente uma vez a cada três mil anos e as fadas da corte de Si Wang Mu davam de comer seus frutos mágicos – os pêssegos da imortalidade – aos eleitos, aos sábios e profetas que automaticamente se tornavam imortais.
Desejando homenagear os animais da floresta, o Buda mandou convidá-los para almoçar com ele os delicados manjares que trouxera da Índia. Mas, como o almoço de Buda coincidia com a grande festa da Rainha das fadas, os animais da floresta preferiram ir ao festim das fadas e tentar um passaporte para a imortalidade em vez de atender ao chamado do mestre.

Os 12 convidados
De todos, somente 12 animais atenderam ao convite de Buda: o Rato, o Búfalo (Boi), o Tigre, a Lebre (Coelho), o Dragão, a Serpente, o Cavalo, o Carneiro, o Macaco, o Galo, o Cachorro e o Javali (Porco). A cada um Buda agradeceu contente e ofereceu um dos Sete Objetos Preciosos do Budismo, o “Ju I” – um pequeno cetro de bambu em cuja ponta havia uma miniatura da Constelação do Dragão, símbolo da ciência adivinhatória. Com esse cetro, os animais teriam o dom de adivinhar o futuro.
Depois do jantar, a cada animal o senhor Buda ofereceu um ano de regência, que levaria o seu nome, segundo a ordem de chegada. Cada animal exerceria uma sutil influência sobre as pessoas nascidas no seu ano, como também sobre os acontecimentos do próprio ano: plantações, colheitas, terremotos, etc. Os animais ficaram muito contentes com o presente do Sublime Buda. E assim nasceu o Zodíaco Chinês.

Influência
A pessoa nascida no ano de regência desses animais herdará sua força ou sua fraqueza, será violento ou pacífico, orgulhoso ou humilde. Por certo, surgirão diferenças desde o nascimento devido ao meio em que nascerem, más ações praticadas em vidas anteriores, e também pela interferência do “Companheiro de Estrada” (outro animal que é determinado pela hora de nascimento) e do “Elemento Predominante” (Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água). Contudo, os traços mais marcantes da sua personalidade serão muito parecidos, bem como o destino a percorrer na vida.
Para os chineses ou japoneses o ano tem início em janeiro ou fevereiro devido ao calendário lunar, e os que nascem em janeiro ou fevereiro tanto podem ser do signo do ano anterior como do signo do ano ocidental em vigor.

Ser ou não ser
Para o oriente, a questão decisiva a se fazer frente ao horóscopo não é “o que eu posso ter?”, mas “o que eu posso ser?”. O Asiático não pensa: “eu tenho essas predisposições, aptidões ou fraquezas inerentes ao meu horóscopo”, mas sim: “como posso ser um melhor Tigre, Cabra ou Cão, em todas as circunstâncias da vida?”.
As inclinações e as tendências tratam sobretudo de direções, que implicam uma progressão flexível e rítmica, uma espécie de dança poética do destino em que cada animal possui seu passo, suas piruetas, seus saltos e toda uma coreografia específica. Esse ritmo deve ser muito bem entendido por aquele que quiser evoluir sem se perder e aproveitar as suas características inerentes.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Cinco Movimentos

A teoria dos Cinco Movimentos, ou Cinco Elementos, é um outro conceito de importância fundamental na cultura chinesa e de grande uso na Medicina Tradicional. São símbolos tomados da natureza que representam o equilíbrio e a inter-relação existente em tudo que está entre o Céu e a Terra.
No homem, enquanto microcosmo, proporciona um esquema para a compreensão da fisiologia, as relações orgânicas, viscerais e psíquicas. No macrocosmo, evidencia a influência recebida das estações do ano, sons, cores, sabores, movimentos cósmicos, etc.
O estudo desses cinco aspectos diferentes da energia formou a base de um dos sistemas mais utilizados de toda sabedoria chinesa.

Cinco aspectos do todo
Os Cinco Movimentos são: Metal, Água, Madeira, Fogo e Terra. Sua imagem originalmente simboliza: Ouro, Água Corrente, Árvore, Labareda e Solo, o que evidencia mais claramente suas qualidades de movimento, que é o fator principal a se notar.
O Metal é a forma mais densa e sua função característica é o movimento de energia para dentro (centrípeto), a pureza, e a robustez. A energia da Água busca os lugares mais baixos (descendente), se infiltra, se adapta e repousa. A Madeira simboliza a energia que se expande para fora (centrífuga), a força e a flexibilidade. O Fogo é expansivo e explosivo, se inflama para o alto (ascendente), é penetrante, aquece e anima. A Terra ampara (centraliza), absorve, suporta e acomoda, transforma e desenvolve.

Incentivo e controle
É interessante notar que os Cinco Movimentos se condicionam, se produzem e se controlam mutuamente. Eles são geradores uns dos outros (Madeira produz Fogo, que gera Terra, que engendra Metal, que produz Água, que alimenta Madeira) e controladores (Madeira esgota a Terra, que absorve a Água, que apaga o Fogo, que derrete o Metal, que corta a Madeira) produzindo em condições ideais um equilíbrio dinâmico. Estas relações se chamam respectivamente de Mãe-Filho e Avô-Neto.
Segundo Auteroche, “na natureza, a existência e as mudanças não podem se realizar sem produção e sem restrição. Sem criação não há nada que possa crescer e dar frutos, sem restrição, há desenvolvimento excessivo, o que é nocivo”.

Harmonia universal
Por abstração essas cinco categorias foram e são até hoje então utilizadas para explicar e sistematizar o universo todo e inserido a ele o Homem. Segundo Campbell, ao entender os Cinco Movimentos compreendemos que em todo o universo ressoa uma maravilhosa harmonia cujas leis, como as da música, podem ser descobertas e experienciadas com admiração.
Clarice Lispector, em sua poesia denominada “A Perfeição”, já nos dizia:

“O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete, não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição”.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Digerindo pensamentos

As emoções são consideradas, na Medicina Tradicional Chinesa, como um dos principais fatores causadores de desequilíbrios. Por serem internas, as emoções nos atacam sem que tenhamos defesas suficientes, mudando os fluxos de energia do corpo, estancando órgãos e vísceras e com o tempo participando até mesmo da materialização de doenças físicas.
É claro que as emoções fazem parte da vida, mas quando se tornam intensas, abruptas ou prolongadas deixam de ser um padrão normal de adaptação, para se tornarem anormais e patológicas. Dentre as emoções causadoras de desequilíbrios pela Medicina Chinesa, falarei hoje da Preocupação.

Pensamento obsessivo
A preocupação intensa e prolongada compromete sobretudo o sistema digestivo. Duas unidades energéticas muito importantes na produção de energia do corpo, chamadas Pi e Wei (Baço-Pâncreas e Estômago), são diretamente atacadas por este tipo de emoção, e têm seu fluxo obstruído.
Assim como digerimos alimento, digerimos informações, situações, dados, experiências de vida. O processo de viver passa quase pelas mesmas etapas da digestão, onde primeiro engolimos tudo, depois separamos o útil do inútil, e finalmente incorporamos o que é bom e excluímos o que não é bom.
Na nossa adaptação cotidiana fazemos o mesmo processo através do nosso pensamento. Entramos em contato com várias coisas, mas nem tudo poderemos manter ou guardar. Precisamos esquecer de muitas, pois se lembrássemos de absolutamente tudo o que entra em nossa percepção, seria impossível viver. É necessário separar o útil do inútil, e aprender a largar, ou então ficamos sobrecarregados.

Meditação ao contrário
Preocupar-se em excesso é como ter um problema de indigestão. Remoemos várias vezes a mesma coisa, sem conseguir assimilar. Ou então nós mesmos criamos coisas em nossa mente nas quais focamos nossa atenção, sem conseguirmos nos livrar mais destes pensamentos. Então não é por acaso que um dos resultados mais comuns da preocupação são os problemas digestivos (gastrites, azia, má digestão).
É como uma espécie de meditação às avessas... ao invés de focarmos em coisas boas ou no vazio, focamos em pensamentos ruins, e todo o tempo estamos trazendo aquilo de volta à memória, sem conseguirmos nos libertar. Precisamos ser disciplinados e perceber o que estamos fazendo. Precisamos analisar como nossa mente funciona e tentar quebrar este hábito, já que a preocupação não vai impedir que as coisas aconteçam e vai ser só uma fonte de angústia constante.

Problema sem solução
Um sábio antigo, chamado Shantideva, dizia: “Por que ser infeliz com algo se é possível remediar? E de que adianta ser infeliz com alguma coisa se não é possível remediar?”.
A preocupação não resolve os problemas, antes os agrava ao retirar nossa espontaneidade e nos impedir de pensar claramente. Mais ainda ao provocar verdadeiros bloqueios internos, doenças, e com o tempo consumir a nossa energia até não restar uma gota sequer.
Por isso, siga o conselho dos sábios. Examine como sua mente funciona e quebre seus hábitos de preocupação. Concentre-se, mas somente no que é positivo. Diante dos pensamentos escolha aqueles que podem ser úteis, e exclua os que são inúteis. Um problema que não tem solução é um problema resolvido. Então, tire-o de sua mente.

terça-feira, 9 de março de 2010

Acupunturista detetive


Quando o paciente chega a uma sessão de acupuntura, na maioria das vezes ele já esteve em vários profissionais da área da saúde: médicos, fisioterapeutas, psicólogos, naturólogos, etc. Muitas vezes ele já tomou medicamentos, já realizou cirurgias físicas ou espirituais, já recorreu ao chá de ervas, à benzedeira e ao massagista...
Nossa falta de intimidade com as agulhas nos faz evitá-las o máximo possível, até que nada nos soluciona um problema e um amigo ou conhecido nos sugere um acupunturista. Então resolvemos, com medo, experimentar! E ao chegar à sessão percebemos que os métodos empregados na acupuntura não são muito convencionais. Apesar de relatarmos, por exemplo, uma enxaqueca, o acupunturista nos pergunta sobre fezes e
urina, nos olha a língua e o pulso, faz uma extensa lista investigatória sobre nossa vida inteira e pouco fala da nossa dor de cabeça. Por quê?

Tratando ramos e raiz

A acupuntura é uma técnica dentro da Medi
cina Tradicional Chinesa, que é uma medicina basicamente preventiva. O acupunturista que se preze não estará interessado somente em eliminar sua enxaqueca. Ele estará mais interessado em conhecer você. Sim, você! Porque compreende que a sua dor de cabeça diz muito a seu respeito... e é você que ele precisa tratar. Tratar como? Através da regulação energética.
A isso chamamos de tratamento do ramo e da raiz. O tratamento do “ramo” seria colocar algumas “agulhas-chave” para fazer com que você pare de sentir dor de cabeça. Mas isso não é suficiente, então o acupunturista tentará descobrir o motivo da sua dor de cabeça, ou seja, o que está por trás disso... caso ele não o faça, daqui a um tempo sua dor de cabeça irá voltar e você ficará dependente eternamente de tratamento. Quando descobre a causa, ou seja, a “raiz” da sua dor de cabeça (e de outros sintomas associados que deverão se apresentar) o acupunturista terá a chance de resolver não só o sintoma (“ramo”), mas de regular o que está gerando o sintoma (mexer na base do problema).
Templo sagrado

Imagine que você mora em uma casa com um terreno muito grande. Você não apara a grama, não limpa o terreno, o que acontecerá? Os bichos virão morar no seu terreno! Será confortável para eles, quentinho, seguro, eles terão alimento aí, e aos poucos vão cada dia invadindo mais a sua casa. Não adiantará matar os bichos... você mata um vem outro em seu lugar. A solução é limpar o terreno, então os bichos se mudarão.
Nosso corpo é a mesma coisa. Os chineses o chamam de “o templo sagrado”. Então você deve manter seu templo limpo, tonificar a energia, limpar o sangue. Se você não fizer isso os desequilíbrios e sintomas irão sucessivamente aparecer aí. Quando você tira os sintomas você está fazendo o tratamento dos “ramos” (nós fa
zemos muito isso tomando remédios para dor de cabeça, por exemplo). Mas é preciso lembrar que os sintomas que aparecem são somente avisos de que seu terreno precisa de uma limpeza. Limpando o terreno sujo você estará trabalhando na “raiz” do problema.

Investigação criteriosa

É por isso que em acupuntura não basta somente eliminar os sintomas evidentes. É preciso regular o corpo, a energia, o sangue, os órgãos e vísceras. Isso é, fazer prevenção. Um terreno saneado impede a formação de toxinas, impede a invasão por fatores patogênicos. Se somente for tratado, no nosso exemplo, a enxaqueca... e o desequilíbrio energético persistir, o problema não estará de fato resolvido e reincidirá ou mandará ou
tros tipos de sintomas como aviso de que algo não está bem.
É por isso que você reclama da cabeça e o acupunturista olha, além da cabeça, o pé, a língua, o pulso, as costas, e te pergunta milhões de coisas sobre tua vida pessoal, coisas aparentemente sem importância. É para tratar você como indivíduo, para te ajudar a organizar o templo sagrado onde você habita. A intenção é fazer você sentir alívio não apenas da dor de cabeça, mas de vários outros aspectos que você nem tinha lembrado de reclamar.


Foto: Cidade proibida (Beijing - China), por Analyce Claudino.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tristeza e tempo

“Tristeza não tem fim, felicidade sim”, já dizia o poeta. Mas na verdade, a tristeza também tem fim. Assim diz uma das principais leis segundo as quais trabalhamos em Medicina Tradicional Chinesa: a lei da mudança.
Tudo está em constante movimento, e é a diferença entre as coisas que nos faz ser capazes de valorá-las adequadamente. Como saberíamos o que é belo se não tivéssemos o feio? Como acharíamos algo bom, se não houvesse o ruim? Tristeza e alegria cabem perfeitamente dentro desta lógica. A tristeza é parte da vida, e complemento da alegria. Uma emoção revela a face da outra, tal qual a uma fotografia.

Tristeza que transforma
A tristeza e a melancolia são resultado de uma adaptação natural às nossas perdas, às nossas frustrações, ao fato de não sermos senhores do universo de maneira que nem sempre as coisas saem como planejamos, nossos desejos jamais serão todos satisfeitos. Por isso, precisamos de um tempo para assimilar informações conflituosas. E essa tristeza antes de ser ruim, é muito produtiva se for utilizada como uma base para reflexão e mudança.
Mas a tristeza e a melancolia são apenas um meio para atingir um novo equilíbrio. Não podemos ficar estagnados. Por isso essas emoções quando intensas, abruptas ou muito prolongadas podem resultar em doenças que se materializam no corpo físico, e não em crescimento pessoal.

Tristeza e depressão
A tristeza afeta, sobretudo o sistema respiratório. O peito fica comprimido, de tal forma que às vezes não conseguimos chorar nem com a maior das dores. E chorar muitas vezes pode servir como antídoto para essa estagnação, nos trazendo alívio e recuperando a amplitude respiratória.
A respiração fica curta, restrita. Isso afeta as propriedades da energia do Pulmão, que tem relação direta com a defesa do corpo contra a agressão de energias do meio-ambiente. Por isso muitas vezes as pessoas que possuem uma tristeza persistente tem falhas importantes em seu sistema imunológico.
Além de esgotar a energia e gerar deficiência, em longo prazo a tristeza pode gerar estagnação de energia já que o Coração e o Pulmão fracos não a fazem circular. E uma tristeza profunda, prolongada ou desligada da realidade pode levar a um estado depressivo, resultando na diminuição da energia como um todo, que é a própria expressão da depressão.

Geração “prozac”
É preciso reconhecer o limiar entre a tristeza saudável e aquela que a torna uma emoção geradora de desequilíbrios. Isso vai depender da atenção da própria pessoa, do conhecer-se a si mesmo, e da atenção e do apoio das pessoas ao redor.
Mas nos dias de hoje a tristeza na maioria das vezes é considerada indesejável e anormal, e é medicada como doença. Muitas vezes, entretanto, é necessário somente que essa tristeza seja ouvida e que leve o indivíduo a um novo estado adaptativo, que o leve a efetuar mudanças em sua vida. Para isso é preciso dar tempo ao tempo...

“...Aquele que exorbita no uso do tempo, precipitando-se de modo afoito, cheio de pressa e ansiedade, não será jamais recompensado, pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas” (Nassar).

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Curso de Especialização em Acupuntura - CIEPH

Data de início: 26/02/2010
Local: Florianópolis/SC

OPORTUNIDADE DE DESCONTO
VAGAS LIMITADAS

Para saber mais acesse: www.cieph.com.br
Ou ligue: (48) 3024-7852 / 3028-9336

Curso de Formação em Massoterapia Chinesa - CIEPH

Data: 02 de Março de 2010
Local: Florianópolis/SC

Período: Semanais - Terça-Feira, Quarta-Feira e Quinta-Feira.
Horário: 18:30h às 22:00h - Duração: 12 meses.

OPORTUNIDADE DE DESCONTO
50% de desconto nas matriculas efetuadas entre 30/01/2010 à 22/02/10

Matricula: R$80,00 - Investimento 15x de R$ 260,00

Para saber mais acesse: www.cieph.com.br
Ou ligue: (48) 3024-7852 / 3028-9336

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Fundamentos da Medicina Chinesa (Medicina Chinesa Clássica)

Um excelente artigo ("Science, politics and the making of “TCM”. Chinese Medicine in Crisis"- Heiner Fruehauf - Journal of chinese medicine, number 61, October 1999.), publicado na internet, comenta a respeito da convicção de que a arte da medicina chinesa está morrendo, tanto na terra mãe China como ao redor, principalmente por questões econômicas e políticas.
Nele o autor descreve claramente as diferenças entre a Medicina Clássica Chinesa e a tão famosa TCM (Tradicional Chinese Medicine) exportada e difundida mundo afora.
Não seria coerente traduzir aqui o artigo na integra, já que o leitor pode (e deve) recorrer ao original. Porém, para os menos acostumados à língua inglesa, destaco um dos pontos mais importantes do texto, onde são enumeradas as características da verdadeira Arte da Medicina Chinesa, talvez na esperança de que possamos cultivá-las e mantê-las, que não se percam e não se deturpem.
Não será tarefa fácil...

Abaixo, então, algumas características do que era e deveria continuar sendo a Medicina Chinesa, de como deveria ser seu ensino, de como deveriam ser seus praticantes:

• Baseada na filosofia naturalista (Taoísmo)

• Entendimento alquímico (sintético): esforço científico definido como conhecimento e exploração da complexidade e multidimensionalidade da natureza e do corpo.

• Baseada em parâmetros tradicionais do conhecimento taoísta (yin/yang, wu hsing, bagua, teoria jing-qi-shen, etc.)

• Vê a medicina como um braço das ciências taoístas mães (HuangLao, Zhouyi, FengShui, etc.)

• Orientada para a fonte: confiança e apoio na tradição (experiência)

• Requer vasta base de conhecimento devido ao relacionamento íntimo que possui em relação a outras artes tradicionais e ciências

• O corpo é tratado como um microcosmo que segue leis macro-cósmicas e é continuamente tocado por influências macro-cósmicas (padrões da totalidade cósmica/calendárica/sazonal criadas pela conjunção do sol, lua e estrelas)

• Baseada na experiência subjetiva do homem no ambiente do universo geocêntrico (tem a terra como centro) - (1)

• Baseado na cosmologia dualista do “vir-a-ser” (processo de visão de mundo orientada pela observação das constantes mudanças dos fenômenos físicos, simbolizados pelos padrões mutáveis da lua) (2)

• Visão imparcial da realidade como um contínuo jogo entre céu e terra, luz e escuridão, demônios (Gui: influências lunares) e espíritos (Shen: influências solares), nascimento e morte, masculino e feminino, yin e yang

• Visão de mundo sexualizada (a vida é produto da infinita relação entre o céu e a terra, seres humanos são, sobretudo, seres sexuais) - (3)

• Se comunica através de símbolos que contém e correlacionam múltiplas camadas de sentido.

• Preserva o elemento lunar da complexidade e mistério “obscuro” que desafia definições exatas (Wuwei: não define categoricamente)

• Vê o corpo enquanto um campo (zang-fu são vistos enquanto sistemas funcionais)

• Corpo – mente – medicina do espírito

• O médico é um intermediário ao sagrado, cultivando os papéis duais do shaman (mestre do conhecimento intuitivo) e do sábio (mestre do conhecimento escolarizado), conectando o que está acima e o que está abaixo, dentro e fora, energia e matéria.

• O médico aspira pelo Tao da medicina, um processo que requer a atualização do seu próprio caminho individual através do trabalho em se tornar uma pessoa realizada (Zhenren)

• Suas maiores ferramentas são: chi kung, meditação, música, caligrafia, pintura, poesia, viagens rituais, etc.

• Treinamento altamente individualizado baseado na relação discípulo/mestre. - (4)

• Os professores são “figuras-mestre” individuais que enfatizam a criação de uma atmosfera/cultura de inspiração na linhagem.

• A transmissão é do entendimento (pode incluir transmissão de qi do mestre ao discípulo)

• Requer uma memorização multi-direcional: memorização de textos clássicos que são interpretados situacionalmente de acordo com as circunstâncias individuais

• Saúde é definida como o processo ativo de refinar a essência do corpo e cultivar as forças vitais: conceito de vida nutritiva/alimentadora (maximizar as funções fisiológicas)

• Diagnóstico clínico primeiramente baseado numa experiência subjetiva (5) dos sentidos

• Resultado inicial primeiramente baseado no sentimento subjetivo de bem-estar do paciente (6) e na coleta de informações sensoriais por parte do médico (pulso, língua, etc.)

• Diagnóstico altamente individualizado: enfatiza o Bianzheng (diagnóstico através do padrão de sintomas)

• Tratamento altamente individualizado: defende uma aproximação terapêutica flexível que é escolhida livremente em meio a uma grande variedade de modalidades, e através delas, favorece um uso flexível de prescrições

• Uso de uma larga variedade de modalidades clínicas, incluindo a aplicação externa de ervas aos pontos de acupuntura, terapia umbilical, exercícios de chi-kung, energizações, terapia emocional baseada nos cinco movimentos, dietas alquímicas, acupuntura ziwu liushu, etc.

• Procura incluir todo tipo de prática (a prática abrange a emergência, fraturas ósseas, doenças sérias como câncer, etc.)

• Treinamento generalista (pode conduzir a uma especialização em um campo tradicional, tal como medicina externa, se inspirado pelo conhecimento clínico de um determinado professor)

• A combinação de modalidades ocidentais e tradicionais, se empregada, é feita de acordo com os critérios da medicina chinesa (por exemplo: o método de Zhang Xichun de classificar energeticamente a aspirina e integrá-la como um ingrediente alquímico dentro das fórmulas tradicionais)

Notas:
(1) Lua – móvel, impermanente, mutável (Nota da tradutora)
(2) “Devir” - processo, construção, mutação (Nota da tradutora)
(3) Citação dos clássicos: “O homem responde ao céu e à terra”. (Nota da tradutora)
(4) “Insight” (Nota da tradutora)
(5) Observação, olfação, visão, tato, audição do médico
(6) Se o espírito (Shen) está brilhante a recuperação já começou, mesmo que ainda não tenham modificações significativas nos sintomas principais.

(Compilado e traduzido a partir de artigo publicado em http://www.jcm.co.uk/SampleArticles/tcmcrisis.pdf - Science, politics and the making of “TCM”. Chinese Medicine in Crisis - Heiner Fruehauf - Journal of chinese medicine, number 61, October 1999. - Para ler o artigo na integra recorra ao site original. Tradução livre de Analyce Claudino).

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tao Te Ching - Capítulo XVI



Empty your mind of all thoughts.
Let your heart be at peace.
Watch the turmoil of beings,
but contemplate their return.

Each separate being in the universe
returns to the common source.
Returning to the source is serenity.

If you don't realise the source,
you stumble in confusion and sorrow.
When you realise where you come from,
you naturally become tolerant,
disinterested, amused,
kind-hearted as a grandmother,
dignified as a king.
Immersed in the wonder of Tao,
you can deal with whatever life brings you,
and when dead comes, you are ready.

Fonte: Tao Te Ching, an illustrated journey - Lao Tzu (Frances Lincoln Limited 1999)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tratamento de dores por acupuntura

Entre uma grande variedade de sintomas e síndromes tratadas por acupuntura, sem dúvida as dores estão entre as mais comuns. A acupuntura tem se tornado famosa em seus resultados no controle de dores crônicas e de difícil diagnóstico por métodos ocidentais e também pode ser usada em tratamentos para dores agudas, mesmo as de etiologia conhecida, em conjunto com outras técnicas e tratamentos.
Segundo a Medicina Chinesa as dores podem ser classificadas em dois grandes grupos: dores yin e dores yang, sendo que cada tipo possui um tratamento diferenciado. Ao contrário do que parece, as dores agudas, intensas e localizadas geralmente são as mais fáceis de tratar e obtêm os resultados mais rápidos. Já as dores crônicas e antigas, embora menos incômodas, podem ser indícios do comprometimento de todo o organismo de uma forma mais complexa e podem ser mais resistentes ao tratamento.

Dores yang
De maneira geral as dores consideradas yang se caracterizam por serem de fácil localização, superficiais e intensas. A área dolorosa é sensível e a dor piora com a pressão. A pele pode se apresentar avermelhada, inchada, ou quente. E geralmente o movimento normal fica restrito ou impossível.
A Medicina Chinesa considera que essas dores acontecem devido a uma estagnação ou estancamento de energia em canais que irrigam a superfície. Estes canais podem ser invadidos por energias externas ao corpo, o que gera uma reação quando em luta com energia defensiva da pessoa. Seguido ao bloqueio de energia acontece um bloqueio de sangue (onde não circula energia, o sangue não circula). Deste modo se originam as dores como sinais de um desequilíbrio energético local.

Dores yin
Caracterizam-se por serem profundas, difusas, de difícil localização. Podem ser também degenerativas, envolvendo o comprometimento de tecidos ou ossos. O início dessas dores é lento e elas costumam ser de menor intensidade. Mas são persistentes e tornam-se crônicas. Dificilmente haverá vermelhidão ou inchaço, ao contrário muitas vezes se observa sinais de palidez, frio ou deformidade. É possível que essas dores respondam a fatores emocionais, e piorem com stress, melancolia ou irritação. Também podem responder por fatores climáticos, piorando por frio, umidade ou calor.
A Medicina Chinesa considera que essas dores podem aparecer quando alguma energia perversa penetra em profundidade no organismo. Devido já a uma fraqueza na energia defensiva e a um vazio na superfície, ou a desequilíbrios internos, a energia perversa avança em profundidade. Isso pode ocasionar estancamento de energia e sangue em canais internos, ou mesmo atacar vísceras e órgãos, que são as unidades de processamento da energia do corpo.
Uma vez interna, essa energia estranha pode evoluir, se mover ou ficar em estado de latência, daí a sua característica difusa, móvel ou de difícil localização. A possibilidade de dano dessa energia perversa que penetra em profundidade é grande, por isso podem acontecer períodos yang dentro do yin, com picos de dor forte e localizada, que mudam de lugar ou que logo cessam deixando sempre a dor yin difusa de fundo.

Agulhas que salvam
O tratamento das dores yin e yang têm muitos pontos em comum. E além das agulhas podem ser utilizadas outras técnicas, como o aquecimento (moxa) ou a eletro-acupuntura. A eletro-acupuntura é uma ferramenta indispensável no tratamento de dores, e consiste na aplicação de corrente elétrica através das agulhas, promovendo tonificação ou sedação das áreas ou das unidades comprometidas.
Nas dores yang se promove geralmente a expulsão das energias perversas que estão causando o estancamento da circulação de energia nos canais. Geralmente as sessões devem ser com menor intervalo entre elas, mas a melhora geralmente é rápida.
Nas dores yin, além da expulsão das mesmas energias, é preciso fortalecer o corpo, já que a penetração de energias perversas em profundidade indica uma fraqueza da energia defensiva do indivíduo. É preciso equilibrar e balancear as vísceras e órgãos envolvidos, e não apenas mover. Por isso o tratamento pode ter intervalos mais longos, mas geralmente deve ser mais prolongado.
Em ambos os casos os resultados são surpreendentes e duradouros, e caso a caso se analisa a necessidade de uma atuação multiprofissional para potencializar o resultado.