quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Técnicas Gerais de Estimulação e Dispersão dos Pontos de Acupuntura


Na prática de acupuntura existem muitos detalhes que passam despercebidos pelos olhos do paciente e também de muitos acupunturistas iniciantes que estão, em princípio, preocupados com informações mais gerais tais como a localização de pontos e colocação das agulhas. Uma dessas peculiaridades são as técnicas de estimulação e dispersão efetuadas nos pontos de acupuntura.
Existe uma variedade de técnicas diferentes quando se deseja incrementar a energia num canal, ponto, sistema ou região, e também quando se deseja mover, circular ou diminuir a energia. À medida que o acupunturista segue se aperfeiçoando, deve começar a estar atento a essas manipulações para incrementar o resultado de sua prática. Abaixo segue um resumo das mais conhecidas.

Vai-e-vem: após inseridas as agulhas, e sem retirar da pele, é feito um movimento de inserção-retirada (cuja extensão não deve ser mais do que 0.3-0.5 cun). Então a agulha é manipulada de uma camada mais superficial para uma mais profunda, e vice-versa, num movimento contínuo. Quando é dada ênfase no aprofundamento e se é gentil na retirada (sendo a inserção a técnica principal), implica uma estimulação. Quando se é gentil no aprofundamento e é dada ênfase na retirada (sendo a retirada a técnica principal) implica uma dispersão.
Rotação: o cabo da agulha é mantido entre o dedo indicador e o polegar, e girada. A diferença entre a estimulação e dispersão é dada pelo ângulo, velocidade e direção da rotação. De maneira geral, rotação para a esquerda (com o polegar para frente e o indicador para trás) implica uma estimulação. Rotação para direita (com o polegar para trás e o indicador para frente) implica uma dispersão.
Estimulação e dispersão por velocidade: uma inserção com velocidade lenta e uma retirada rápida da agulha implica estimulação. Uma inserção rápida e retirada lenta implica dispersão.
Técnicas segundo a direção: leva em consideração o fato de a agulha estar direcionada a favor ou contra o fluxo de energia no canal. Agulhas a favor da circulação implicam uma estimulação. Agulhas contra a circulação, uma dispersão.
Técnicas de acordo com a respiração: inserir e girar a agulha na inspiração do paciente e retirar na expiração promove dispersão. Inserir durante a expiração e retirar na inspiração promove estimulação.
Técnica nove-seis: de acordo com o I Ching (o Livro das Mutações) os números pares tem a natureza Yin, os números impares a natureza Yang. Este método é feito girando-se a agulha seis ou nove vezes nas três camadas de inserção conhecidas como Céu, Terra e Homem. Seis implica dispersão, nove implica estimulação.
Abertura e fechamento: imediatamente pressionar os pontos após a retirada da agulha promove estimulação, manter os pontos abertos implica dispersão.
Técnica harmonizadora: a agulha é manipulada suavemente e equilibradamente combinando-se vai-e-vem e rotação enquanto é inserida a uma determinada profundidade, e depois disso retirada. Utilizada para tratar problemas sem uma manifestação astênica ou estênica evidente já que não enfatiza nenhum aspecto da manipulação.

Obviamente existe a possibilidade de combinação de técnicas. Também é necessária uma avaliação da condição energética do paciente para a adaptação a cada situação que se apresenta na prática clínica. Nem todas as técnicas são indicadas para todas as pessoas. E também nem todas as técnicas são para todos os terapeutas.
A grande beleza da medicina chinesa e da acupuntura consiste na possibilidade de seguir a intuição, perceber o fluxo das circunstâncias que se apresentam a cada momento entre paciente e terapeuta, não se adaptar a protocolos pré-estabelecidos e saber usar com liberdade o conhecimento acumulado ao longo de muitos anos. Isso é praticar a acupuntura enquanto arte.
Para saber mais consulte: Diagrams of acupuncture manipulations. Autores e tradutores: Liu Yan e Li Zhaoguo Wang Jing. Shanghai Scientific & Technical Publishers.