quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Acolhendo a vida


Durante toda a minha infância, meus pais mantiveram um quebra-cabeças gigante em cima de uma determinada mesa da sala de estar. Meu pai, que tinha dado início a esse hábito, sempre escondia a tampa da caixa, A ideia era encaixar as pecas sem saber de antemão qual seria a figura final. Diferentes membros da família e amigos que vinham nos visitar trabalhavam no quebra-cabeça, às vezes apenas por alguns minutos, até que, depois de várias semanas, centenas de peças acabavam encontrando seu lugar.
Ao longo dos anos, montamos dúzias desses quebra-cabeças. No final acabei adquirindo grande habilidade nisso, e me agradava ser a primeira a descobrir onde se encaixava uma peca ou como dois grupos de peças se juntavam. Eu adorava, em especial, o momento em que surgia a primeira insinuação de uma figura e eu conseguia perceber o que tinha estado ali, escondido, o tempo todo.
A mesa do quebra-cabeça foi presente de aniversário de meu pai para minha mãe. Recordo-me dele montando-a e, todo feliz, despejando sobre ele as peças daquele primeiro quebra-cabeça. Eu tinha uns três ou quatro anos e não entendi a alegria de minha mãe. Eles não me haviam explicado aquele jogo, sem dúvida, achando que eu era nova demais para participar. Mas, mesmo assim, eu queria tomar parte.
Sozinha na sala, certa manhã, subi na cadeira e espalhei as centenas de pecas soltas que estavam sobre a mesa. As pecas eram bem pequenas; algumas de cores vivas, outras escuras e sombrias. As escuras pareciam aranhas ou besouros, eram feias e um pouco assustadoras. Elas me inquietavam. Juntando algumas delas, desci da cadeira e as escondi debaixo de uma almofada no sofá. Por várias semanas, sempre que eu me pegava sozinha na sala, subia na cadeira, pegava mais algumas peças escuras e as acrescentava a meu esconderijo na almofada.
Assim, aquele primeiro quebra-cabeça precisou de muito tempo para ser montado pela família. Frustrada, minha mãe contou as peças e percebeu que estavam faltando mais de cem. Perguntou-me se eu as vira. Contei a ela que tinha dado sumiço nas pecas de que não gostava, e ela as resgatou e completou o quebra-cabeças. Recordo-me de vê-la fazer isso. Quando peça escura após peça escura foi sendo posta no lugar certo e a figura emergiu, fiquei pasma. Eu não sabia que haveria uma figura. Era muito bonita, uma cena tranqüila em uma praia deserta. Sem as peças que eu escondera, o jogo não tinha sentido.
Talvez ganhar exija que amemos o jogo incondicionalmente. A vida fornece todas as peças. Quando eu aceitava certas partes da vida, negando e menosprezando todo o resto, eu só podia ver minha vida uma peça por vez - a alegria de um êxito ou um momento de celebração, ou a feiúra e a dor de uma perda ou um fracasso que eu estava fazendo tudo para esquecer. Porém, assim como as peças escuras do quebra-cabeça, aqueles eventos mais tristes, por mais dolorosos que fossem, revelaram-se parte de algo maior. Os breves vislumbres que tive de algo oculto, aparentemente, requereram a aceitação como um presente de toda e qualquer peça. 
Estamos sempre encaixando as peças sem conhecer a figura de antemão. Estive com muitas pessoas em períodos de grande perda e pesar quando um significado insuspeitado começou a emergir dos fragmentos de suas vidas. Com o tempo, esse significado revelou-se durável e digno de confiança, ate mesmo transformador. É um tipo de força que nunca nasce naqueles que negam sua dor.
Ao longo dos anos, tenho visto o poder de assumir uma relação incondicional com a vida. Surpreendo-me por haver encontrado uma especial de disposição de enfrentar seja lá o que for que a vida possa oferecer, em vez de desejar modificar ou eliminar o inevitável. Muitos de meus pacientes também parecem ter encontrado seu caminho para essa postura em relação à vida.
Quando as pessoas começam a adotar essa atitude, parecem tornar-se mais vivas, intensamente presentes. Suas perdas e sofrimentos não as levam a rejeitar a vida, não as lançam em uma situação de ressentimento, sentimento de injustiça ou amargura. Como observou um amigo com HIV/Aids: "Abri mão de minhas preferências e estou vivendo com uma intensa consciência do milagre do momento". Ou, nas palavras de outro paciente: "Quando você esta andando sobre gelo fino, é melhor dançar".
Com essas pessoas aprendi uma nova definição da palavra "alegria". Pensei que alegria fosse sinônimo de felicidade, mas ela agora me parece ser muito menos vulnerável do que esta última. A alegria parece ser uma parte do desejo incondicional de viver, de não vacilar porque a vida pode não atender às nossas preferências e expectativas. A alegria parece ser uma função da disposição para aceitar o todo e estar pronto para enfrentar o que quer que esteja à nossa espera. Ela possui uma espécie de invencibilidade que o apego a algum resultado específico nos negará. Em vez do guerreiro que combate visando a algum resultado específico e por isso mesmo é assombrado pelo espectro do fracasso e decepção, seria como o apaixonado inebriado diante da oportunidade de amar, apesar da possibilidade da perda, o jogador para quem o jogo tornou-se mais importante do que ganhar ou perder.
A disposição para ganhar ou perder nos conduz para fora de uma relação de oposição com a vida e em direção a um poderoso tipo de receptividade. Dessa posição, podemos entrar em um grande comprometimento com a vida. Não apenas a vida agradável ou confortável, ou nossa idéia de vida, mas toda a vida. A alegria parece estar mais estreitamente ligada a ter vida do que a ter felicidade.
A força que observo desenvolver-se em muitos de meus pacientes e em mim mesma depois de todos estes anos quase poderia ser chamada um forma de curiosidade. O que um de meus colegas denomina intrepidez. Em certo nível, obviamente, receio uma conseqüência tanto quanto qualquer pessoa. Porém, cada vez mais, consigo entrar e sair desse sentimento e vivenciar um lugar além da preocupação com o resultado, uma vida além da vida e da morte. É um lugar de liberdade, ate mesmo de antegozo. As decisões tomadas a partir dessa postura são uma afirmação de vida, e não guiadas pelo medo. É como uma graça.
Na medida em que somos capazes de abrir mão da preferência pessoal, nós nos libertamos do pensamento baseado em perder ou ganhar e do medo que dele se alimenta. É essa liberdade que ajuda um time a ir para as finais de um campeonato. A posição antagônica pode não ser a posição mais forte na vida. A liberdade pode ser uma posição mais forte do que o controle. Ela é, sem dúvida, uma posição mais forte e muito mais sábia que o medo.
Existe aqui um paradoxo fundamental. Quanto menos somos apegados à vida, mais vivos podemos nos tornar. Quanto menos preferências temos em relação à vida, mais intensamente nos a podemos vivenciar e dela participar. Isso não quer dizer que eu deixo de preferir torradas com geleia a rosquinhas de chocolate. Quer dizer que não sou tão louca por torrada com geleia a ponto de não querer levantar da cama se não puder comê-las ou que a ausência de torrada com geleia vá arruinar todo o meu dia. Acolher a vida pode ter mais relação com experimentar do que com torrada e geleia ou rosquinha de chocolate. Mais a relação com a capacidade de tirar prazer das novidades do dia e do que ele pode trazer. Mais a relação com aventura do que com satisfação das próprias vontades.

(Retirado de: Rachel Naomi Remen - Histórias que curam: conversas sábias ao pé do fogão.)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Esclarecimento: a acupuntura é multiprofissional


O Conselho Federal de Psicologia recebeu na quarta-feira, 18 de junho, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Resolução que buscou regulamentar a prática da acupuntura para os profissionais psicólogos. 

A decisão reconhece que NÃO EXISTE NO BRASIL UMA LEGISLAÇÃO QUE AUTORIZE A PRÁTICA POR DETERMINADOS PROFISSIONAIS OU QUE PREVEJA ESPECIFICAMENTE QUEM PODE ATUAR NA ÁREA.  Ou seja, ainda não existe exclusividade na prática da acupuntura por nenhuma classe profissional ou lei que regulamente a sua prática.

O entendimento do STF é de que A ACUPUNTURA DEPENDE DA EDIÇÃO DE LEI ESPECÍFICA para o seu exercício pelas diversas categorias profissionais da saúde. 

No Senado já tramitam Projetos de Lei que visam regulamentar o exercício profissional da acupuntura, garantindo que esses incluam a prática para o profissional psicólogo. Assim, por enquanto, está suspensa a validade da resolução mas NÃO É IMPEDIDA  A PRÁTICA DA ACUPUNTURA POR NENHUM PROFISSIONAL DA SAÚDE NO PAÍS. 

Vamos seguir na luta por uma legislação específica que garanta a acupuntura democrática e multiprofissional.  Contamos com o apoio de todos.

Fonte: http://site.cfp.org.br/acupuntura-2/

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ai, acho que inflamou!

A inflamação é uma resposta normal do organismo a patógenos ou irritantes. Inflamação geralmente é consequência de infecção, mas nós não devemos confundir as duas coisas. Quando somos invadidos por Vento (os vírus da Medicina Ocidental) nós desenvolvemos febre e uma inflamação aguda, isto é, nós temos uma infecção e uma subsequente inflamação.

Inflamação é parte de uma complexa resposta biológica de tecidos vasculares aos estímulos nocivos, tais como patógenos, células danificadas, ou agentes irritantes. Os sinais clássicos de inflamação aguda são dor, calor, vermelhidão, inchaço e perda de função. A inflamação é uma tentativa de proteção por parte do organismo para remover os estímulos nocivos e iniciar o processo de cura. Inflamação não é sinônimo de infecção, mesmo nos casos em que a inflamação é causada por infecção. Embora a infecção seja causada por microorganismos, a inflamação é uma das respostas do organismo ao patógeno.

Porém, inflamações podem se tornar crônicas e desempenhar um papel muito negativo em várias doenças. Nestes casos, a inflamação não está desempenhando um papel positivo, como no caso de inflamações agudas em resposta a algum evento nocivo. A inflamação crônica pode criar um terreno convidativo para o progressivo desenvolvimento de doenças. Já se sabe que as inflamações crônicas estão envolvidas no aparecimento de doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, obesidade, artrite, doenças neurológicas, doenças pulmonares e auto-imunes. Nós já sabemos que muitas dessas doenças são causadas pela desregulação das vias inflamatórias, levando a um estado de inflamação crônica.    

Geralmente os fatores causadores de inflamação crônica são estresse, tóxicos (inclusive má alimentação), tabaco, álcool, agentes infecciosos e radiação. Eu somaria a isso as vacinações (que contam como agentes infecciosos). Essa lista nos mostra como os fatores modernos de adoecimento estão distantes daqueles que os antigos praticantes da medicina chinesa enfrentavam.

Muitas plantas já demonstraram ter ingredientes ativos que combatem ou inibem o estado de inflamação crônica do organismo, como a cúrcuma ou o cardamomo por exemplo. Mas é fácil ver como a melhora no estilo de  vida e a prevenção podem desempenhar um papel crucial neste processo. Boa alimentação, exercícios físicos, práticas alterativas de manutenção da saúde, busca do equilíbrio emocional garantem que tenhamos harmonia e um organismo livre de processos inflamatórios que durem mais do que o necessário à auto-regulação.

Fonte: http://maciociaonline.blogspot.com.br/

sábado, 1 de junho de 2013

Visões errôneas

"Muitos ocidentais tem uma noção estranha do que seja a medicina chinesa. Alguns a vêem como um "abracadabra" - o produto de um pensamento mágico ou primitivo. Se um paciente é curado através da fitoterapia ou acupuntura, eles vêem somente duas explicações possíveis: ou a cura foi devido ao efeito placebo, ou foi um acidente, o feliz resultado de um "jogo de dardos" ao acaso no qual o praticante não teve muito entendimento. Eles partem do princípio de que a ciência e a medicina ocidental são as únicas verdades - todo o resto é superstição.
Outros ocidentais tem uma opinião mais favorável mas igualmente equivocada sobre a medicina chinesa. Profundamente, às vezes com razão, cansados dos muitos produtos da ciência e cultura ocidental, eles assumem que o sistema chinês, por ser mais antigo, mais espiritual, mais holístico, é também mais verdadeiro que o da medicina ocidental. Essa atitude ameaça transformar a medicina chinesa de um campo de conhecimento racional em um sistema de fé religiosa. Ambas atitudes mistificam o assunto, uma por menosprezo, a outra por colocar em um pedestal. Ambas são barreiras ao entendimento.
De fato, a medicina chinesa é um sistema coerente e independente de pensamento e prática que foi desenvolvido ao longo de dois milênios. Baseado em textos antigos, é o resultado de um contínuo processo de pensamento crítico, bem como extensa observação clínica e testagem. Representa uma constante formulação e reformulação de material por clínicos e teóricos respeitados. É também, entretanto, enraizado na filosofia, lógica, sensibilidade e hábitos de uma civilização totalmente estranha à nossa. Que desenvolveu, não obstante, sua própria percepção dos processos de saúde e doença."

Tradução livre de: KAPTCHUK, Ted. The web that has no weaver: understanding chinese medicine. pp 1-2. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ninguém pode saber tudo, e nem precisa


É espantosa essa discussão em torno da acupuntura e dos profissionais (médicos ou de outras classes) que defendem a exclusividade na sua prática, como se fossem os únicos capazes de fazê-la com responsabilidade. A acupuntura enquanto técnica faz parte de uma tradição muito antiga, que tem sua própria linguagem e seus significados, sua patologia, anatomia e tratamento radicalmente diferentes do pensamento médico ocidental.  É uma outra racionalidade médica, muito anterior à medicina ocidental e independente desta, e que exige por sua vez muitos anos de estudo e de prática específicos.
O argumento mais comum é de que o acupunturista não-médico deixaria passar despercebidas várias coisas que poderiam ser vistas por um médico ocidental. Mas é óbvio que isso é verdadeiro, assim como o médico ocidental deixa de ver coisas importantes que poderiam ser vistas pelos dentistas, o psicólogo deixa de ver várias coisas que poderiam ser vistas pelo fisioterapeutas, o dentista deixa de ver coisas que poderiam ser identificadas pelos nutricionistas, e assim por diante. E, por sua vez, os profissionais de formação e mentalidade ocidental deixam passar informações que poderiam ser de importância para um acupunturista tradicional, com uma formação e mentalidade radicalmente diferente, na sua tarefa de minimizar o sofrimento humano. Aí reside a especificidade e a limitação de cada campo do conhecimento.
Mas não há problema nisso, porque para minimizar estas falhas existem as equipes multidisciplinares, para isso existem trocas, para isso existem encaminhamentos, para isso existe respeito interdisciplinar. O psicólogo acupunturista encaminha para o médico quando percebe que há tempo seu cliente não faz exames ou um check-up; o fisioterapeuta acupunturista encaminha para o odontólogo quando percebe que o paciente com dor na articulação mandibular há tempo não visita o dentista; o farmacêutico acupunturista encaminha para o psicólogo quando percebe que o dano físico pode ter raízes emocionais; o médico ocidental encaminha para o acupunturista tradicional quando percebe que há tempo suas técnicas e medicamentos não mais beneficiam, e assim por diante.
Ninguém pode saber tudo sobre tudo.  E aquele que pouco sabe de tudo, nada sabe de nada. Por isso temos que ser humildes em nosso saber e em nossa prática, conhecer as limitações de nosso campo de conhecimento e principalmente trocar, interagir, estar aberto para poder dialogar com colegas que desejam todos um objetivo comum, proporcionar saúde e bem estar a quem os procura. E isso vale para todas as profissões. Neste momento não há lugar para brigas ou picuinhas, ninguém é mais do que ninguém. Se eu não sei, o colega pode saber, então encaminho. Se não tenho certeza, checo. E nenhum  profissional pode ser completo diante da imensidão das possibilidades de cuidados em saúde, pois nenhuma ciência dá conta da diversidade e da complexidade do ser humano e dos processos da vida. Assim acredito que ninguém pode ter a pretensão de saber tudo, e nem precisa. Sejamos responsáveis e honestos em nosso saber, façamos tudo o que pudermos, e deixemos aos colegas o que cada um sabe fazer de melhor, respeitando seu direito e sua prática, e reconhecendo a sua importância.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Promovendo Saúde e Relaxamento Durante as Quatro Estações

VERÃO
Gao Lian, Séc. XVI

Os três meses do verão são governados pela energia do fogo, e por isso se encarregam do processo de crescimento e maturação. O qi do coração é abundante de energia de fogo, e está associado ao sabor amargo. De acordo com as relações do ciclo de controle entre as cinco fases da energia, fogo agride metal; a energia de metal governa os pulmões, e o sabor associado ao pulmão é o picante. Durante o verão, por isso, deve-se diminuir os alimentos amargos e aumentar os alimentos picantes para se nutrir os pulmões. Ao mesmo tempo, deve-se usar o som “haaaa” para mobilizar o qi estagnante do coração, e “shhhhh” para harmonizar seu fluxo.
(...) O coração é exuberante durante os meses de verão, mas os rins encontram-se em seu estado mais fraco. Apesar do calor, no entanto, seria impróprio preencher o estômago com petiscos congelados, bebidas frias ou cereais frios. (...) Sob tais circunstâncias, não se alimente de berinjela, vegetais crus ou outros alimentos excessivamente yin, visto que em tal circunstância já existe uma grande quantidade de yin qi presente no abdômen, e a ingestão de alimentos coagulantes como esses podem promover a formação de massas abdominais. Idosos, em particular, e pessoas com tendência a formação de fleuma-calor que se devem na verdade à sua constituição fria, devem se conformar com tais princípios e evitar tais alimentos.
Pela mesma razão, não busque o alívio do calor do verão em locais com corrente de vento e muito cheios. Embora possa encontrar um resfriamento temporário sob um abrigo, são em corredores, em jardins externos ou próximo de janelas quebradas que os ventos nocivos podem mais facilmente invadir o corpo. Busque a tranqüilidade de uma sala ampla e vazia, ou a energia yin pura de uma fonte de água para alcançar um estado natural de resfriamento.
Mais importante ainda, regule sua respiração e acalme seu coração. Tenha em mente que segurar cristais de gelo próximos de seu coração e estômago farão com que o fogo ascenda, ao invés de diminuí-lo. Não presuma que coisas quentes aquecem e por isso irão alimentar um calor já abundante. Mais do que isso, crie o hábito de tomar regularmente tônicos que aquecem em forma de pílulas ou pó durante os meses do verão, de forma que se garanta um fluxo suave do qi. Beba líquidos mornos e alimente-se de alimentos quentes; nunca se alimente até o limite, mas coma porções menores em intervalos mais curtos. Beba chá de canela, cozinhe com cardamomo, utilize água fervida ao invés de água fresca, e evite pratos gordurosos.
Também, evite dormir sob a luz de estrelas e da lua, pois caso acampe em lugares abertos, estará propenso à invasão de vento. Embora você possa sentir uma certa euforia inicial. O vento irá certamente fazer o seu caminho através de seus poros. (...) Alguém, por exemplo, que ingere alimentos frios e então descansa seu corpo suado em um local com corrente de vento irá facilmente contrair a síndrome de bloqueio do vento (...) Visto que a cabeça é o ponto de encontro de todos os canais yang, um cuidado especial deve ser tomado para protegê-la da influência nociva do vento. Todas as pequenas rachaduras na parede de seu quarto devem ser remendadas, para prevenir agressões à cabeça. Além disso, penteie seus cabelos 100~200 vezes por dia durante os meses de verão, tomando cuidado para não ferir o couro cabeludo e escolher um local livre de correntes. Este é um método natural para se eliminar o vento e dar mais brilho aos olhos.
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Introduzido e traduzido por Heiner Fruehauf
Versão em Português: Paulo Henrique Pereira Gonçalves
Supervisão e Revisão : Ephraim Ferreira Medeiros
Site original: www.medicinachinesaclassica