quarta-feira, 26 de maio de 2010

Os quatro demônios

Na Medicina Tradicional Chinesa o homem é considerado um núcleo de energia, focado e organizado. Um microcosmo, inserido no macrocosmo. Assim sendo, ele está sujeito a todas as variações do meio ambiente, e diversos tipos de influências podem retirá-lo da sua situação de equilíbrio e homeostase. Os médicos antigos denominavam essas influências de “Os Quatro Demônios”. São eles: os fatores dietético, emocional, climático e ancestral.

Gu Xie
O fator dietético é considerado de fundamental importância no surgimento de desequilíbrios já que é dos alimentos que retiramos combustível para as atividades cotidianas, e também é dele que depende em grande parte a nossa imunidade. Uma alimentação deficiente nos obriga a gastar energias ancestrais que não serão renovadas, comprometendo a longevidade e a qualidade de vida como um todo.
Se alimentar bem significa comer adequadamente. Incluir alimentos de cores e sabores variados, e principalmente, alimentos que contenham energia viva. Produtos naturais, sem modificações químicas ou genéticas, sem aditivos, sem processamento ou refino industrial, e o mais próximo possível da colheita, nos garantem que a aura de energia viva do alimento esteja intacta para ser absorvida. Assim prevenimos que o alimento se transforme em um demônio (xie), que seja tóxico, produzindo acúmulos e bloqueios, e contribuindo para o desequilíbrio energético do corpo.

Shen Xie
Emoções geram doenças a partir da alteração no funcionamento de órgãos e vísceras, deprimindo o sistema defensivo e ocupando energia em demasia. Manter a mente serena é manter o corpo saudável. Não é possível separar corpo e alma, já que tudo é reflexo da mesma energia.
Não podemos ver a energia, mas podemos ver os efeitos de seu equilíbrio ou desequilíbrio. Assim como numa lâmpada não vemos os elétrons, mas temos a luz. Assim devemos sempre procurar saídas para nossos conflitos internos. Emoções abruptas, intensas ou prolongadas são perigosas. A luminosidade da pessoa que está de bem consigo mesma emana em todas as direções.

Liu Xie
Por ser um microcosmo inserido no macrocosmo, o homem se comunica e responde ao meio ambiente de diversas maneiras. Se lembrarmos que temos que manter uma temperatura corporal constante em meio à variação climática provocada pelas estações, já temos uma idéia de que gastamos muita energia somente para nos manter estáveis.
Vento, frio, umidade, calor e secura estão sempre nos rodeando de uma maneira quase invisível. Se não estivermos atentos as portas estarão frágeis e o vento poderá entrar, se comportando como um agente estranho e trazendo uma variedade de sintomas de doença. É necessário saber se adaptar às mudanças, seguir os ritmos e observar os fluxos. Nunca estamos separados do todo.

Zhong Xie
Cada ser humano é um estranho ímpar. Chegamos ao mundo com uma carga ancestral, heranças da linhagem da nossa família, do tempo anterior, da gestação, da infância... e há quem acredite ainda nas noções relacionadas ao carma. A ciência nos fala da herança genética, dos cromossomos. Os chineses falavam muito mais, contavam dessa energia que nos é transmitida pelas outras gerações como um tesouro, e que não é renovável.
“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Conhecer a nós mesmo, respeitar nossas possibilidades e limites, nos torna sábios. Em vez de adoecer, podemos prevenir. Conhecendo os pontos fracos, adotamos condutas diárias preventivas. Não nos expomos ao que não suportamos, ou se for inevitável nos armamos melhor para o combate.
Conhece teus amigos, mas ainda mais teus inimigos. Os Quatro Demônios são influências que devemos conhecer, deste modo usamos seu poder sempre a nosso favor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Quando a cabeça dói

A dor de cabeça é um sintoma muito comum, talvez por isso não seja dada a ela a devida atenção e seu tratamento se resume muitas vezes aos analgésicos. Na Medicina Tradicional Chinesa, porém, as dores de cabeça são sintomas de grande utilidade diagnóstica. Elas são um sinal de alarme de alterações eminentemente bioenergéticas.
O tratamento das dores de cabeça tem muito êxito com acupuntura. E com a vantagem de que o acupunturista muitas vezes não só produz uma ação analgésica como também atua na base do problema, evitando que evolucione para transtornos mais profundos.
Veja a seguir as explicações que a Medicina Tradicional Chinesa fornece para o problema. Tenha em mente que os termos utilizados aqui, como sangue, energia, órgãos e vísceras, se referem a conceitos orientais que não são exatamente idênticos aos conceitos da medicina ocidental.

O problema está fora
Existem basicamente duas classificações para as dores de cabeça: as exógenas e as endógenas. Cefaléias exógenas são provocadas por energias externas de tipo climático (um vento frio, por exemplo) que penetram nos meridianos bloqueando a circulação de energia e de sangue e impedindo a nutrição dos tecidos. Na medicina chinesa os fatores climáticos e ambientais são considerados um dos causadores de desequilíbrios no sistema humano, já que estamos o tempo todo agindo para nos adaptarmos ao meio externo que está em constante transformação (temperatura, umidade, incidência de luz, etc.).
Estes fatores climáticos, uma vez que tenham penetrado nossa “aura defensiva” superficial, são compreendidos como agentes estranhos e o corpo reage a eles, produzindo uma luta e um incremento na manifestação. Como a energia que é muito leve e volátil (ela é “Yang”) tende a subir, provocará acúmulo na cabeça, com produção de dor. E dependendo do fator patogênico, além da dor de cabeça existirão outros sintomas associados.
Um exemplo fácil dessa situação são os resfriados que começam com dor de cabeça, e depois vão evoluindo com outros sintomas como obstrução nasal, febre, etc. Resfriados, na Medicina Chinesa, são geralmente entendidos como ataques de vento-frio.

O problema está dentro
Nas cefaléias endógenas o que acontece, ao contrário, são alterações dos órgãos internos. Nossas usinas produtoras de energia, órgãos e vísceras, podem não estar funcionando muito bem, e mandam sinais de alerta através das dores de cabeça.
Neste caso as dores ocorrem por alteração no equilíbrio entre a energia e o sangue, considerados Yin e Yang, polaridades opostas que devem sempre estar em harmonia. A diminuição de sangue implica aumento da energia livre que tende a se acumular na parte superior. Ou a diminuição de energia faz com que o sangue não alcance a cabeça, ocasionando uma falta de nutrição. Esta diferença nas proporções de sangue e energia pode se originar por várias causas que é preciso investigar através de sintomas associados às dores de cabeça.
Outra base para as dores de cabeça é o hiperfuncionamento de alguns órgãos internos específicos que irrigam a cabeça através de meridianos e canais de energia. Imagine que há uma maré muito forte de energia inundando tudo e causando uma pressão. Implica em dores bem fortes, geralmente mais fortes do que no caso anterior. Neste caso também é preciso associar outros sinais para fazer um diagnóstico diferencial.

Tratar é preciso
Em acupuntura se considera mau sinal a remissão espontânea de uma cefaléia crônica, já que muitas vezes isso indica que o desequilíbrio está se aprofundando e vai com o tempo implicando mais sistemas. Como as dores de cabeça são sinais de alarme é preciso ouvi-las atentamente e entender sua dinâmica. Agir somente com analgésicos muitas vezes pode encobrir sua verdadeira função e impedir que se trate a base do problema.
Só através do entendimento do conjunto de sinais e sintomas que vêm associados às dores é possível fazer um diagnóstico diferencial e entender como está o todo. Buscar o reequilíbrio energético é mais importante, e é sempre o objetivo último da acupuntura. Isso impedirá que a dor retorne, impedirá a progressão do desequilíbrio e o agravamento da situação, e devolverá intacta a capacidade de resistência do organismo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Regreso a la salud

"La enfermedad es el esfuerzo que la naturaleza hace para curar el hombre. Por lo tanto, podemos aprender mucho de la enfermedad para encontrar el camino de regreso a la salud, y lo que al enfermo le parece indispensable rechazar contiene el verdadero oro que no ha sabido encontrar en ninguna otra parte".
(C.G. Jung)

Curiosidades sobre o Horóscopo Chinês

A astrologia chinesa inspira e organiza, há vários séculos, as decisões e o comportamento de centenas de milhões de indivíduos na China, no Japão, na Coréia e no Vietnã, com uma intensidade tal que nos é difícil medir e até mesmo admitir.
O signo lunar chinês é regido pelo ano e não pelo dia e mês em que a pessoa nasceu. Cada ano é simbolizado por um animal e esse animal influenciará sobre o destino e o caráter dos seres humanos nascidos durante o ano correspondente. A origem desse ciclo de animais é atribuída a várias lendas, uma das interessantes é uma doce lenda chinesa que irei lhes contar.

A festa das fadas
Sidarta Gautama, o Buda, em suas andanças pelo mundo, um dia saiu da Índia – sua terra natal – e foi visitar a China.. Lá chegando, Buda foi meditar aos pés da Montanha do Poente cujos picos nevados lhe lembravam seus queridos montes Himalaia. O Buda não sabia que naquela montanha mágica morava a formosa fada Si Wang Mu, guardiã da Árvore da Imortalidade. Essa árvore encantada era de cristal e jade e media cem metros de altura. Frutificava somente uma vez a cada três mil anos e as fadas da corte de Si Wang Mu davam de comer seus frutos mágicos – os pêssegos da imortalidade – aos eleitos, aos sábios e profetas que automaticamente se tornavam imortais.
Desejando homenagear os animais da floresta, o Buda mandou convidá-los para almoçar com ele os delicados manjares que trouxera da Índia. Mas, como o almoço de Buda coincidia com a grande festa da Rainha das fadas, os animais da floresta preferiram ir ao festim das fadas e tentar um passaporte para a imortalidade em vez de atender ao chamado do mestre.

Os 12 convidados
De todos, somente 12 animais atenderam ao convite de Buda: o Rato, o Búfalo (Boi), o Tigre, a Lebre (Coelho), o Dragão, a Serpente, o Cavalo, o Carneiro, o Macaco, o Galo, o Cachorro e o Javali (Porco). A cada um Buda agradeceu contente e ofereceu um dos Sete Objetos Preciosos do Budismo, o “Ju I” – um pequeno cetro de bambu em cuja ponta havia uma miniatura da Constelação do Dragão, símbolo da ciência adivinhatória. Com esse cetro, os animais teriam o dom de adivinhar o futuro.
Depois do jantar, a cada animal o senhor Buda ofereceu um ano de regência, que levaria o seu nome, segundo a ordem de chegada. Cada animal exerceria uma sutil influência sobre as pessoas nascidas no seu ano, como também sobre os acontecimentos do próprio ano: plantações, colheitas, terremotos, etc. Os animais ficaram muito contentes com o presente do Sublime Buda. E assim nasceu o Zodíaco Chinês.

Influência
A pessoa nascida no ano de regência desses animais herdará sua força ou sua fraqueza, será violento ou pacífico, orgulhoso ou humilde. Por certo, surgirão diferenças desde o nascimento devido ao meio em que nascerem, más ações praticadas em vidas anteriores, e também pela interferência do “Companheiro de Estrada” (outro animal que é determinado pela hora de nascimento) e do “Elemento Predominante” (Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água). Contudo, os traços mais marcantes da sua personalidade serão muito parecidos, bem como o destino a percorrer na vida.
Para os chineses ou japoneses o ano tem início em janeiro ou fevereiro devido ao calendário lunar, e os que nascem em janeiro ou fevereiro tanto podem ser do signo do ano anterior como do signo do ano ocidental em vigor.

Ser ou não ser
Para o oriente, a questão decisiva a se fazer frente ao horóscopo não é “o que eu posso ter?”, mas “o que eu posso ser?”. O Asiático não pensa: “eu tenho essas predisposições, aptidões ou fraquezas inerentes ao meu horóscopo”, mas sim: “como posso ser um melhor Tigre, Cabra ou Cão, em todas as circunstâncias da vida?”.
As inclinações e as tendências tratam sobretudo de direções, que implicam uma progressão flexível e rítmica, uma espécie de dança poética do destino em que cada animal possui seu passo, suas piruetas, seus saltos e toda uma coreografia específica. Esse ritmo deve ser muito bem entendido por aquele que quiser evoluir sem se perder e aproveitar as suas características inerentes.