sexta-feira, 3 de julho de 2009

Conceitos de base da MTC: Tao e Yin Yang

O Taoísmo é um sistema filosófico-religioso que modelou o caráter do povo chinês ao longo de mais de dois mil anos. Atribui-se a criação do Taoísmo a Lao-Tsé, suposto autor do Tao Te Ching (o Livro da Razão Suprema), compilado provavelmente por volta de 300 a.C. e considerado a sua principal fonte de conhecimento.
Lao-Tsé deduziu, a partir do Livro das Mutações que a mudança de todos os fenômenos não ocorre por coincidência. A mudança é uma tendência natural, inata em todas as coisas e situações. O universo está empenhado em um movimento cíclico e contínuo a que os chineses chamaram de Tao: o caminho. O Tao, assim compreendido, é o grande princípio primordial, é a força que dá corda ao relógio mundo.

Dança dos opostos
Lao-Tsé percebeu também que o movimento natural ocorre sempre por meio uma dança contínua entre princípios opostos que mais tarde foram denominados Yin e Yang e representados pelo símbolo bastante conhecido chamado de Tai Chi:

O Yang expressa o papel ativo, dinâmico e masculino e o Yin o papel passivo, estático e feminino. A filosofia chinesa des
envolveu e generalizou estes termos a toda natureza, mostrando que o princípi
o de oposição se encontra em todas as partes e que é, por assim dizer, a origem de toda manifestação. Toda manifestação contém, em proporções variáveis, ambos os princípios, dos quais um deles se sobressai, se destaca, porém só temporariamente, para dar lugar ao predomínio do contrário.
A mutação dos fenômenos naturais mostra a alternância Yin Yang e mostra também o mecanismo que opera em seu interior: Yang
contém o Yin, Yin contém o Yang. Cada um tem o seu oposto dentro de si. O oposto crescerá lentamente até destruir o seu hóspede: Yin haverá se transformado em Yang e vice-versa. E neste momento o processo inverso já começa a ocorrer.

Impermanência do mundo
Partindo deste princípio, o estado de imobilidade absoluta é uma abstração que não se pode conceber. Tudo o que existe está fadado a mudar incondicionalmente:
“O que é imperfeito será perfeito; / O que é curvo será reto; / O que é vazio será cheio; / Onde há falta haverá abundância; / Onde há plenitude haverá vacuidade. / Quando algo se dissolve, algo nasce.” (Lao-Tsé)
Podemos entender o Tao então, como o princípio a partir do qual toda a polaridade surge. Toda polaridade radica na unidade, e esses dois em si são um; por isso é difícil falar de Yin Yang sem falar do Tao e vice-versa.
As formas exteriores e observáveis do Tao são: o alto e o baixo, o belo e o feio, o bom e o mal. Mas: “Só temos consciência do belo / Quando conhecemos o feio. / Só temos consciência do bom / Quando conhecemos o mau / Porquanto o Ser e o Existir / Se engendram mutuamente / O fácil e o difícil se completam / O grande e o pequeno são complementares / O alto e o baixo formam um todo / O som e o silêncio formam a harmonia / O passado e o futuro geram o tempo.” (Lao-Tsé)

Compreendendo o caminho
A compreensão do Tao passa pela aceitação dos opostos no mundo dos fenômenos, sem atribuição de valor, apenas como um atributo da mutação. O que é bom ou mau não é Yin ou Yang, mas o equilíbrio ou desequilíbrio que podem existir entre eles.
Ao escrever sobre o Tao, chegamos à conclusão de que é difícil falar sobre ele e de que captar seu sentido aproxima-se mais de uma vivência espontânea do que do estudo de conceitos abstratos. Nas palavras do Tao Te Ching: “Quanto mais falamos no Universo, menos o compreendemos. O melhor é escutá-lo em silêncio”.

Um comentário:

  1. ANALYCE
    Venho agradecer e parabenizá-la pelo excelente texto.
    Disponibilizar assim seus conhecimentos e estudos, só depõe a favor de si como pessoa e profissional.
    Um grande abraço!

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