segunda-feira, 18 de maio de 2009

O todo é maior do que a soma das partes


“Deixe sua alma em paz e seu corpo se endireitará por si próprio.”

(Chuang Tzu)

Quando nós temos uma queixa de natureza "psicológica", dificilmente nós a temos desacompanhada de algum sintoma corporal. A sabedoria milenar chinesa já considerava, há muito tempo, essa unidade fundamental do ser, expressa numa dualidade aparente: Yin e Yang.
Yin é a matéria densa, o corpo. Yang é o aspecto sutil, a mente e as emoções. Mas como definir o claro sem a existência do escuro, a alegria sem a tristeza? O mundo é feito de opostos, e é pelos opostos que nos situamos e damos sentido a tudo. E a saúde é o que acontece quando esta delicada engrenagem movimenta-se em busca do equilíbrio: o corpo e a mente.
Confuso? Não necessariamente...
Existe corpo sem mente? De certa forma sim... no estado de coma, por exemplo, a mente suspende temporariamente sua atividades... Mas nós, aqui "de fora" vemos a pessoa deitada ali, portanto ela ainda existe, sim... mas ela existe para ela mesma? Não... ela existe num plano sem nossa participação. Porque a mente que dá sentido ao corpo. Afinal, para que serve um movimento sem intenção, uma experiência sem emoção?
E existe mente sem corpo?... há opiniões controversas, que não nos convém entrar aqui neste espaço tão restrito. Mas falando sucintamente, na nossa vida cotidiana é no corpo que a mente se apóia, se realiza... é através do corpo que os pensamentos são comunicados... é no corpo que a alegria acontece também na forma de um suave arrepio. E sem o corpo, como estaria eu dedilhando essas teclas para passar para o leitor tantos questionamentos que não têm substância, são só pensamentos?
Yin Yang em equilíbrio... e eis a unidade fundamental: o ser.
O ser humano se concretiza na união de soma e psique. Por isso quando estamos com uma dor no dedo, a tristeza acontece. Quando estamos com uma "dor de cotovelo", a má-digestão aparece... Não é possível traçar uma linha do pescoço pra cima, do pescoço para baixo... somos um inteiro. A emoção vem para nos revelar a paisagem corporal, aquilo que está acontecendo fisicamente, o equilíbrio/desequilíbrio de nossas funções. É uma via de mão dupla: algo nos acontece e vem a emoção, e este sentimento pode mudar até a nossa pressão!!! Mas a pressão também pode subir antes que a gente perceba que tem um sentimento batendo na porta e que muitas vezes não prestamos nem atenção...
Por isso que eu digo, que é preciso ouvir os avisos que os sintomas nos dão. Algumas vezes eles vêm da mente, algumas vezes eles vêm do corpo. Ou ainda mesmo simultaneamente... E o tratamento? Não dá para levar só a metade para o consultório... muitas vezes é preciso ouvir o coração (aquele que bate no peito, mas também o da nossa emoção).

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