sábado, 1 de junho de 2013

Visões errôneas

"Muitos ocidentais tem uma noção estranha do que seja a medicina chinesa. Alguns a vêem como um "abracadabra" - o produto de um pensamento mágico ou primitivo. Se um paciente é curado através da fitoterapia ou acupuntura, eles vêem somente duas explicações possíveis: ou a cura foi devido ao efeito placebo, ou foi um acidente, o feliz resultado de um "jogo de dardos" ao acaso no qual o praticante não teve muito entendimento. Eles partem do princípio de que a ciência e a medicina ocidental são as únicas verdades - todo o resto é superstição.
Outros ocidentais tem uma opinião mais favorável mas igualmente equivocada sobre a medicina chinesa. Profundamente, às vezes com razão, cansados dos muitos produtos da ciência e cultura ocidental, eles assumem que o sistema chinês, por ser mais antigo, mais espiritual, mais holístico, é também mais verdadeiro que o da medicina ocidental. Essa atitude ameaça transformar a medicina chinesa de um campo de conhecimento racional em um sistema de fé religiosa. Ambas atitudes mistificam o assunto, uma por menosprezo, a outra por colocar em um pedestal. Ambas são barreiras ao entendimento.
De fato, a medicina chinesa é um sistema coerente e independente de pensamento e prática que foi desenvolvido ao longo de dois milênios. Baseado em textos antigos, é o resultado de um contínuo processo de pensamento crítico, bem como extensa observação clínica e testagem. Representa uma constante formulação e reformulação de material por clínicos e teóricos respeitados. É também, entretanto, enraizado na filosofia, lógica, sensibilidade e hábitos de uma civilização totalmente estranha à nossa. Que desenvolveu, não obstante, sua própria percepção dos processos de saúde e doença."

Tradução livre de: KAPTCHUK, Ted. The web that has no weaver: understanding chinese medicine. pp 1-2. 

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